quarta-feira, 8 de julho de 2020

Um chamado para honrar o que a vida nos deu


"A menos que possam aprender novamente a apreciar a vida, não apreciaremos
por muito tempo os temperos da vida." (G. K. Chesterton)

          Este aforisma de Chesterton pode ser lido para aqueles que, por razões das mais diversas, perderam o rumo da vida, abdicaram, seja por erro ou falta de decisão, por cumprir sua vocação enquanto pessoa.
          Porque sempre há tempo para uma mudança de rumo, que depende, no fundo, unicamente daquilo que chamamos de decisão.
          Os que retornam para o caminho de sua realização pessoal (que a era moderna reduziu ao sucesso profissional e o amor romântico) passam a admirar novamente as maravilhas antes contempladas na infância e que marcaram a memória dos "velhos tempos".
          O que Chesterton chama de "temperos" é isto: o que há de bom, belo e verdadeiro, que faz nossa história valer à pena e onde temos os primeiros gostos de uma vida que recém se inicia.
          É época em que a alma humana ainda é uma terra virgem ávida pela água e as sementes que fazem brotar vida, e vida em abundância.
          Se tudo fosse sofrimento, não haveria o que contemplar, não haveria tempero, beleza a se guardar na memória.
          Mas a vida é um misto do feio e do belo, do insosso e do saboroso; na verdade, ela é bela em si mesma, sua dimensão insondável abarca o feio de forma a transformá-lo em belo ao integrá-lo nos rumos da História ditados pela Providência.
          É neste cenário que temos de recomeçar. Deus dá os meios, faz tudo por nós naquilo que não podemos fazer. No que podemos, Ele não move uma palha.
          É decisão nossa resgatar os temperos da vida para honrá-la até o último instante.

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