domingo, 26 de julho de 2020

Novas embalagens para velhos erros


"Nove de cada de ideias que chamamos de novas são apenas velhos erros."
(G. K. Chesterton, em "Porque sou católico")

          Nosso tempo é recheado de novidades quando se trata de tecnologia. Recentemente, foi assim com a comunicação pela internet, onde surgiu uma enorme variedade de formas de contato, como e-mail, teleconferência, redes sociais, WhatsApp e coisas do tipo.
          A novidade nas formas não é um problema em si. O que importa é o que o invólucro traz, seu conteúdo, sua essência.
          Chesterton nos lembra que quase todas as chamadas novas ideias são na verdade velhos erros. Isto ele já notava à época de seu artigo "Por que sou católico", de 1926.

          Mas as novas ideias deixam o lastro da novidade. Frequentemente surgidas num meio relativista, elas trazem o próprio relativismo em sua perspectiva perpetuando esta tendência e a sede das pessoas por novidades.
          A onda vegetariana, por exemplo, já virara moda na Alemanha em meados da década de 1920 e foi adotada como modo de vida exemplar pela ideologia nazista ao associar este comportamento ao solo pátrio. O mesmo ocorreu com o antitabagismo e o ambientalismo.
          O socialismo, tão mutável quanto um camaleão, é outro caso. Antes centrado na luta econômica, passou à luta cultural travestindo-se, por exemplo, de proteção às minorias. Mas quem poderia protegê-las senão um poder capaz conceder direitos de forma sempre crescente? O socialismo, caracterizado essencialmente pelo aumento do poder nas mãos do Estado, pode vir pelo caleidoscópio da diversidade, que quanto mais fragmenta a sociedade em grupos menores, mais exige do Estado regulação para arbitrar as relações sociais.
          O movimento New Age é outra aparente novidade ao misturar fragmentos da espiritualidade oriental com elementos ocultistas, uma recauchutagem religiosa de tradições milenares com os erros da revolução cultural dos anos 1960.
          Se tantas ideias novas são, na verdade, velhos erros, por que então aderir a elas? O mundo moderno, fundamentado no utilitarismo e na mudança constante, clama por novidades, e é mais fácil enfeitar estas essências com novas formas do que reinventá-las por completo.
          Seria muito mais simples ater-se às velhas e boas ideias, as que se comprovaram corretas com a longa experiência humana. Isto não faria do nosso mundo um lugar monótono, mas mais seguro e pacífico.
          Os erros, mesmo que durem muito tempo, precisam sempre de uma nova embalagem, e num mundo de aparências é muito fácil ocultá-los com enfeites e novidades.

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