terça-feira, 13 de março de 2018

A diversidade e a guerra dos sexos

(Banheiro unissex da PUCSP.)

          Acabo de perder uma oportunidade de emprego por ser... homem. Na verdade, a vaga era para o setor financeiro de uma escola infantil daqui de Porto Alegre que já teve problemas com pais que reclamaram da presença de homens na instituição. Em algumas ocasiões, o responsável pelas finanças têm de ajudar no trato com as crianças quando a responsável tem de sair em horário de intervalo. Isso inclui levá-las ao banheiro. Portanto, a escola, para não ter mais problemas, aceita apenas mulheres.

          A mensagem era clara: os pais temem a presença de um marmanjo entre as crianças em momentos que elas estejam vulneráveis, sozinhas e à vista do responsável.

          Não demorou para vir à mente a proposta, em nome da diversidade e da tolerância sexual, de se criar banheiros unissex, ou permitir que homens possam usar banheiros de mulheres e vice-versa por se sentirem do sexo oposto. A discussão se espalhou em várias partes do mundo e também no Brasil. Essa era uma das políticas implementadas nos EUA pelo governo Obama em maio de 2016, (e que Trump logo eliminou), e que foi posta em prática também na PUCSP (uma universidade pontifíciacatólica, bom destacar) em nome da tal diversidade. 

          Se as pessoas já temem homens em certas situações que envolvam crianças, imagina como reagirão quando souberem que um marmanjo, alegando sabe-se lá qual orientação sexual, puder utilizar o mesmo banheiro de uma menininha de cinco anos. Daí se deduz, de forma óbvia, o medo do estupro e da pedofilia. Não de graça, a política do Obama criou uma guerra nos EUA, onde quase metade dos estados combateram ou proibiram a lei. A moral sexual virou ato de poder: de um lado a libertinagem sexual promovida pelo Estado, do outro tendência de regulação, também pelo Estado, de uma relação entre as pessoas que deveria ser totalmente auto-evidente e espontânea. Afinal, como lidar com uma regulação deste tipo sem inserir necessariamente a sexualidade no campo político? E na aplicação da lei, como garantir relações respeitosas dentro dos banheiros se nem mesmo hoje isto é possível a não ser com controle policial sobre a intimidade humana? Com a promoção da libertinagem sexual, a reação será o moralismo mais opressor que se possa imaginar.

          Como a política trata do bem comum, ela terá de fazer valer suas regras nos locais em que ela atua por excelência: os espaços públicos, onde todos se encontram, e nas escolas, que são a principal instituição por onde se inculcam os valores republicanos numa sociedade. Se a diversidade é parte deste valores, então terá de valer para as escolas também. 

          Não posso dizer que fui vítima dessa guerra cultural, e nem me senti discriminado por ser homem. Mas numa época de hiper-sexualização, ondas de denúncias de pedofilia e principalmente militância diversitária na política, nas artes e nos meios de comunicação, é questão de tempo que casos como o meu se multipliquem. 

          A diretora da escola deixou claro que a negativa da oferta de emprego para mim nada tinha a ver comigo. Eu sei que não tinha, e penso inclusive que ela fez a coisa certa em vista às necessidades que lhes eram impostas. Mas nos dias de hoje, qualquer escorregão na língua pode dar processo, ainda mais quando o tema envolve sexualidade e seus derivados.

          Bons tempos quando a política não enfiava a mão na nossa cama e também... vocês sabem muito bem onde.