sábado, 25 de julho de 2020

A necessidade de estar errado quando todos acham que estão certos


Conta-se que certa vez o jornal London Times pediu a alguns escritores responderem
à pergunta: "O que há de errado com o mundo?" Chesterton enviou a resposta mais
sucinta: "Eu. Atenciosamente, G. K. Chesterton."

          Esta curta e grossa resposta de Chesterton à pergunta do referido jornal londrino pode parecer birra de adolescente; daqueles que, de saco cheio do papai e da mamãe, fazem questão de cuspir sua revolta juvenil na hora do almoço.
          Mas o estado de coisas na época de nosso querido escritor já não era dos melhores. O mundo recém iniciava o século das duas Grandes Guerras, do totalitarismo e do genocídio, cujos terrenos foram preparados por tiranos, fanáticos e loucos.
          Mas eram os loucos, estes que acreditam que tudo é relativo menos sua própria opinião, que há um século já sinalizavam hospício no qual enfiariam o mundo.

          A era moderna, apontada soberbamente como o cume da "evolução" da humanidade, já era indicativo de que muita coisa havia de errado com o mundo.
          Primeiro, porque nenhuma época é necessariamente melhor do que a outra por seu avanço técnico, a mesma técnica que criou os campos de concentração, a bomba atômica e a engenharia social em escala continental.
          Segundo, porque a mudança constante, frenética e cada vez mais acelerada da ordem social, e que tem a técnica como um meio de viabilizá-la, ao exemplo da propaganda e da disseminação de valores progressistas pelos meios de comunicação e as modas do dia, enfraquece os laços que unem as pessoas, tanto na vida pública quanto na família.
          Sendo Chesterton um adepto da vida simples e valorizador das pequenas coisas, porque haveria ele de se admirar com a soberba de um mundo que se considera superior apenas porque é prático e moderno?
          Se há algo errado com o mundo, e no quadro geral parece que está, cabe a nós, admiradores deste homem e devotos dos imitadores de Deus, seguir o ensinamento evangélico de ser bom num mundo mau; de ser, à luz da consciência viva, o mais correto possível frente a todos os erros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário