quarta-feira, 4 de novembro de 2020

O abandono da fé e as "novas religiões"

 "As Novas Religiões estão de muitas maneiras adaptadas às novas condições; mas é só às novas condições que estão adaptadas. Quando essas condições tiverem mudado daqui a um século, as questões nas quais essas religiões insistem terão se tornado quase sem sentido." (G. K. Chesterton, em "Igreja Católica e Conversão", em 1926)

Quem ler ao menos parte da obra "Igreja Católica e Conversão" verá que Chesterton trata do catolicismo como uma religião nova. Nova porque ela vem de encontro à mudança de vida, remexe a forma de pensar meramente tradicional, tomado aqui o termo "tradicional" como a herança pura e simples de um passado ainda vivo.
Esta tradição é estéril, não-espiritual, ao passo que o catolicismo é uma herança viva, espiritual, mesmo que a tradição vigente diga o contrário.
Mas as "novas religiões" que Chesterton cita nesta passagem do mesmo livro são aquelas que vêm como novidade, mas são apenas uma amálgama de crenças e elementos que adaptam a alma humana às condições do momento.
Hoje poderíamos ver essas novas religiões na New Age, no neopaganismo, no espiritismo, em elementos orientalistas e assim por diante; todos eles, em maior ou menos grau, costurados e adaptados não à verdade, mas ao gosto do cliente.
Não por acaso, os sociólogos chamam essa atitude de bricolagem, a criação individual de uma crença puramente pessoal e que não necessariamente condiz com a realidade.
Ocorre que Chesterton falava dessas "novas religiões" já em 1926, ano no qual esta passagem foi escrita, mostrando que há muitas gerações o Ocidente vem sendo seduzido por crenças espirituais não cristãs ou mesmo anticristãs.
Onde morre a fé cristã (e católica em particular), abre-se o terreno para novas religiões.
Hoje, Chesterton veria, como já viu em sua época, a penetração do islam na Europa. A fé islâmica só poderia progredir em terreno aberto onde o cristianismo foi abandonado.
E não adianta que governos e organizações reclamem oposição ao islam. A esfera política pouco pode contra o crescimento desta fé abraâmica, que historicamente tem se mostrado hostil não apenas ao cristianismo como às formas de vida do Ocidente.
Religião se opõe à religião. Se o Ocidente escolher abraçar as "novas religiões" ou seguir meramente tradições estéreis, será seduzido e morrerá nos braços do islam ou de qualquer outra força religiosa equivalente.
Chesterton é um exemplo, tanto nas obras quanto em sua vida pessoal, da capacidade que uma fé verdadeira possui de transformar vidas e estabelecer uma cultura forte ancorada numa compreensão profunda da realidade. Esta é a única barreira contra a entrada de outras religiões tradicionais hostis à fé cristã, quem dirá contra crenças da moda compradas como produtos nas prateleiras de supermercados.

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