segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Um tempo de superstições

 

"A época em que vivemos é algo mais do que uma época de superstição - é uma época de superstições que não acabam mais." (G. K. Chesterton, em "Eugenia e Outras Desgraças", 1922)

Uma das características de nossa época é a secularização. Este fenômeno se define pela subtração de expressões religiosas da sociedade, tanto na esfera pública quanto privada, como nas artes, na literatura, nos princípios que regem a vida comunitária e familiar, na prática da oração, na visão de mundo das pessoas e assim por diante.
Apesar da era moderna ser muito mais secularizada que as anteriores, o impulso humano de uma busca espiritual não desapareceu e nunca desaparecerá.
O homem é essencialmente religioso. Em todas as épocas e lugares, buscou respostas aos dilemas existenciais básicos: por que estamos aqui, qual é o sentido da vida, de onde viemos e para onde vamos, há vida eterna ou não, etc.
Nossa época não é diferente. Ocorre, porém, que as pessoas se afastaram de Deus e adotaram toda a sorte de loucuras que parecem responder aos seus dilemas, ao exemplo das ideologias ou, pior ainda, dos moralismos da moda corrente, que mudam constantemente numa torrente que cega e embebeda almas carentes.
O sociólogo Peter Berger observa que, hoje, a fé religiosa vive, mas de forma desinstitucionalizada. Ou seja, a maioria das pessoas crê em Deus ou num Ser superior, mas não se vincula a uma igreja ou comunidade. Crê em seus próprios termos.
Assim, as superstições brotam, aqui e ali, como substitutos do impulso religioso carente de Deus, mas que perdeu o caminho para encontrá-Lo.
Em 1922, em "Eugenia e Outras Desgraças", Chesterton já observava a multiplicação de superstições. Imagine o que ele encontraria hoje, um universo de superstições das mais rasteiras, como a crença, por exemplo, de que estamos em sintonia com o Universo ao tentarmos "salvar o planeta" ou toda a sorte de cultos pagãos coletados, ora em ritos orientais, ora da própria cabeça.
Bêbado, perdido e desesperado com a confusão do mundo atual, o homem se debate com seus erros na busca por um rumo até que, por graça da providência, encontre o caminho de casa.

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