sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A falsa autoridade da "ciência"

 

"A coisa que hoje em dia está de fato usando o governo para impor uma tirania é a ciência." (G. K. Chesterton, em "Eugenia e Outras Desgraças", 1922)

Inevitável ler essas palavras de Chesterton, escritas em 1922 na obra "Eugenia e Outras Desgraças", e não lembrar da atual crise relacionada à covid-19: lockdowns, restrições ao direito de ir e vir, uso compulsório de máscaras, engenharia social por decreto e propaganda da mídia, distanciamento controlado, monitoramento por drone e celulares, denúncias de vizinho contra vizinho.
Tudo em nome, claro, da "ciência". Pior: em nome do "consenso científico", que nada mais é do que a opinião mutável majoritária de um grupo de especialistas sobre um tema.
Ou pior ainda: em nome do "consenso científico" divulgado em bloco pela classe jornalística, um punhado de pessoas que se arroga orientar o comportamento da massa graças à capacidade técnica de se fazer ouvir pela televisão.
É questionável se, de fato, é a ciência que está usando o governo ou o inverso, mas o que podemos deduzir de Chesterton é a existência de uma mentalidade cientificista, que considera ser possível reduzir o cosmo ao cálculo e o ordenamento puramente racional, bem como o próprio comportamento humano.
O cientificismo é falsa ciência, é abusar da capacidade de entender toda a realidade com base em métodos cujos fundamentos remontam à era pré-científica e são passíveis de questionamento; são arbitrários.
A situação é ainda mais grave quando se percebe que o que chamamos de ciência moderna é a leitura, parcial e questionável, de um determinado aspecto da realidade, tornando o cientificismo ainda mais distante da voz da verdade como pretende ser. A ciência, portanto, jamais pode ser autoridade pública.
A ciência pode falar como funciona o vírus da covid, mas não pode dar uma definição ontológica de "vírus", muito menos responder porque ele existe, mesmo que use e abuse dos "comos".
Mas é esta "ciência", tomada no sentindo mais grosseiro do termo, que está sendo imposta como autoridade máxima e inquestionável sobre nossas vidas, tomando de assalto a cabeça de governantes, especialistas e jornalistas, roubando não só nossa liberdade como também nossas almas e anunciando, pelas vozes dos que se arrogam ditar normas à população, o quão digno você é.
Tudo sob o neutro e superior critério científico, é claro.

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