sábado, 10 de outubro de 2020

O sistema moderno contra a família

"O mundo ao nosso redor aceitou um sistema social que nega a família. Às vezes, ajudará à criança em vez da família; à mãe em lugar da família; ao avô em lugar da família. Mas ajudará a família." (G. K. Chesterton, "G.K.'s Weekly", 1930)

Ainda que a família seja uma instituição natural que esteja distribuída em praticamente todas as culturas nos quatro cantos da Terra, variando sua estrutura, há uma tensão entre esta ordem e o impulso dos desejos humanos de romperem com ela.
Pois o homem, na sua animalidade, não busca a família, mas a concretização de desejos. A fidelidade no casamento é obra da perseverança e da fé; deixadas à própria vontade, as pessoas fariam da fidelidade uma ficção, e a família seria impossível.
Mas o grande problema está justamente na promoção por meio da mídia e da reinterpretação das leis destes mesmos desejos. Por exemplo: ao tornar o casamento um evento civil, o Estado arroga para si os efeitos reais do casamento, esvaziando parte de seu sentido espiritual. E nas cortes, a concepção de "casamento" e família são alargados para implementar, à revelia da maioria da população, a agenda diversitária.
Aos poucos, a mentalidade progressista vai minando o casamento por dentro e, por consequência, a própria família, cuja destruição pode muito bem ocorrer através da promoção dos interesses de seus membros.
É o que Chesterton enuncia nesta passagem do seu semanário "G.K.'s Weekly", publicado há 90 anos, em 20 de setembro de 1930.
A crítica acadêmica e midiática à ordem patriarcal (e tudo o que é classificado de "patriarcal"), a denúncia de crimes violentos apenas contra determinados grupos sociais, o moralismo politicamente correto e toda a sorte de propaganda de comportamentos que insuflam a infidelidade e o desejo de ser "livre", no sentido estrito que o liberalismo dá à palavra, concorrem para formar uma atmosfera onde a formação da família é cada vez mais difícil.
Colocar uma criança na escola, por exemplo, é arriscá-la a um conflito com os pais. A obrigatoriedade da educação pode ajudar a criança em algum aspecto, mas não a família, atentando contra a criança mesma.
Não por acaso, Chesterton afirmava que a educação moderna considerava os pais a maior ameaça às crianças. Em nome da proteção a elas, é necessário dissolver o pátrio poder.
Proteger o casamento e as crianças é proteger a família. E por isso mesmo a mentalidade progressista, encarnada num sistema pervertido, atenta contra crianças e casais a fim de melhor educá-los para uma sociedade dirigida.

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