Cada dia que passa revela uma história contada que se fecha no passado como elemento definitivo e imutável. Tudo o que passa fica no passado, mas é sua incorporação em nossa personalidade como experiência vivida que a torna imortal. É neste sentido que dizemos que o passado não muda, porque o que passou passou, mas herdamos suas consequências para todo o sempre.
Quem acompanha os anúncios do psiquiatra Italo Marsili a respeito da vida, percebe que todo o seu incentivo está na força da vontade. Diz ele que cada dia de nossa vida é uma narrativa, e que a única coisa que um ser humano faz é contar uma história; a sua história. Pura verdade.
A questão é simples: eu, Marcos, sou o que sou segundo minhas decisões ao longo do meu tempo de vida. É no tempo que minha personalidade adquire uma figura, porque tudo o que faço ou deixo de fazer adquire uma forma na medida em que o tempo passa e se completa na morte. Portanto, na eternidade há o Marcos completo, quem eu realmente sou, nu, pleno e pronto para o Dia do Juízo.
Por isso que o Dr. Italo, como é chamado, enfatiza tanto a força da vontade, que faz parte do dom espiritual da fortaleza: contar uma história é agir, tomar decisões, e ficarmos felizes (ou frustrados e deprimidos) ao olharmos a narrativa construída.
E pelo mesmo motivo ele também afirma que há um mal-estar muito comum nos dias de hoje, uma desorientação, um desespero aparentemente sem causa, mas que é consequência da decisão das pessoas de abdicarem de contar sua própria história, ou seja, de decidir em não agir de forma que a vida adquira um sentido. E o sentido está no servir ao outro, focar num objetivo fora de si, aquilo que Viktor Frankl chamou de autotranscendência.
O desafio de nossas vidas, ao contrário do que possa parecer quando olhamos histórias memoráveis de grandes personalidades que influenciaram os destinos da humanidade, não está na grandiosidade de um gênio, estadista ou mesmo santo. Está em levantar da cama todos os dias com um real propósito em nosso coração.
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