sábado, 23 de maio de 2020

Porque as coisas espirituais devem ficar em primeiro lugar


"Um ser humano realmente humano colocaria, sempre, as coisas espirituais em primeiro lugar."
(G. K. Chesterton, no artigo "O País de Pernas para o Ar" em "Tremendas Trivialidades")

          Todos nós sabemos que nascemos de pai e mãe. Mas o que havia antes? E o que haverá depois com o fim inexorável da vida?
          A vida humana é um mistério: não sabemos de onde viemos, nem para onde vamos.
          Porém, no fundo temos uma ânsia pelo eterno, a necessidade de preencher este mistério marcado no microcosmo de nossa alma, cuja satisfação só pode ser na plenitude do Absoluto.
          O ser humano é essencialmente religioso, espiritual. É da condição humana ter consciência e, portanto, ter de lidar necessariamente com este mistério.
          A vida espiritual é uma forma de buscar resposta, dirigir o drama da existência e aplacar a angústia que permeia, em maior ou menor grau, este teatro da vida.
          E se, após a morte, houver nada? Seremos apagados da existência na eternidade do vazio? Ou há algo para o qual fomos criados? E este algo é bom ou mau?
          Todas as pessoas que negam este problema estão inevitavelmente respondendo ao mistério, mas através de um fechamento espiritual e do fingimento de que o plano do espírito não existe.
          Ser um ser humano é, portanto, ter uma atitude perante o mistério, seja de fechamento temeroso ou de abertura confiante.
          Por isto, ao exemplo da frase acima, o escritor G. K. Chesterton afirma que um humano é essencialmente humano quando coloca as coisas espirituais em primeiro lugar.
          Porque nosso drama fundamental é espiritual e só pode ser respondido pela atitude do espírito. A fuga disto é medo, é covardia, é reduzir-se a um desesperado punhado de matéria orgânica a negar a própria humanidade.
          O drama da existência não é para covardes.

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