quarta-feira, 20 de maio de 2020

O mendigo e o soldado: a chance de sermos melhores


          Apesar das utopias que nos últimos séculos surgiram aos montes, e de algumas que tentaram implantar seu ideais à força ao custa de muito sacrifício e sangue humanos, as misérias e injustiças continuam vivas em nosso cotidiano.
          Neste artigo, Chesterton apresenta dois modelos de males vivos na sociedade: o mendigo e o soldado.
          O primeiro apresenta-se à luz da caridade; o segundo à luz da cavalaria. São duas virtudes tradicionais que o escritor inglês evoca nestas figuras, miseráveis ao seu modo.
          Porque o mendigo necessita da caridade para viver. Ele tem de ser tolerado apesar do incômodo que a sociedade burguesa concebe com sua presença.
          E o soldado necessita de acolhimento em meio à sua miséria pessoal, carregando em suas costas, ou os horrores das atrocidades da guerra, ou o preço de participar da guerra por ser um criminoso, ou os dois juntos.
          Ambos caminham lado a lado em suas desgraças, ambos carregam a honra de terem sobrevividos a estas mesmas desgraças, ambos evocam virtudes ao seu modo e ambos clamam pela prática de outras virtudes.
          Talvez por isto as utopias falhem em suas propostas. De que adiantaria o Paraíso na Terra se na perfeição as virtudes não são mais necessárias? Do que poderíamos nos orgulhar e que bem poderíamos praticar?
          O mendigo e o soldado são a chance de sermos bons e tornar a eles bons também. Porque o Paraíso espera a todos, e a virtude é uma escada nesta ascensão.

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