A imoralidade é, antes de tudo, uma questão de consciência. Naturalmente carregamos as noções básicas de certo e errado, sabemos que não podemos atentar contra a vida alheia nem roubar o que a nós não pertence.
Mas como sustentar estes princípios na era do relativismo? Não bastou à mentalidade moderna expulsar Deus da esfera pública: com o advento da pós-modernidade, Ele também é mandado, por nossas opiniões e desejos puramente subjetivos, a se retirar para além das fronteiras da memória humana.
Começo aqui falando de Deus aqui por ser Ele o único Ser absoluto e, portanto, única baliza fixa e definitiva para medir todas as coisas. Na falta desta baliza, outras coisas irão necessariamente substituí-las.
As leis do Estado juridicamente laico, onde as tradições religiosas são tratadas como se fossem todas a mesma coisa, como se a rica história de dois mil anos da Santa Igreja equivalessem à mixórdia New Age ou às crendices dos horóscopos de jornais, que expulsou o que chamamos de "religião" da esfera pública, privatizando-a para fins unicamente privados, são uma das novas referências.
Quem poderia infringir a Constituição, que garante a liberdade de consciência, quando alguém escarnece a Jesus e Nossa Senhora em praça pública, na TV ou na internet?
Como é possível que, na disputa por apoio das autoridades, a fé da esmagadora maioria da população tenha de ser amputada e mesmo tirada a olhos vistos em nome da "igualdade" entre as crenças, mesmo que absolutamente minoritárias e pertencentes a tradições totalmente distintas e impossíveis de serem niveladas à tradição cristã?
Como podemos proteger nossos filhos de todo o tipo de propaganda e sexualização patrocinadas pelos mesmos agentes do Estado (ou convenientes com ele), se este "direito" está garantido por lei, sendo que todos são formalmente iguais e livres perante a lei?
Passemos ainda à promoção de toda a forma de expressão "artística" e "cultural" formal e ativamente patrocinadas pelo poder estabelecido. Em nome da liberdade de expressão e da "diversidade".
Não cabe aqui estabelecer uma fórmula jurídica, muito menos doutrinal, para impedir estas injustiças e imoralidades sob o risco de escorregar para o lado oposto da balança impondo à sociedade um ordenamento moralizador repressivo e espiritualmente estéril.
Se blasfêmias e imoralidades devem ser proibidas, cabem às sãs consciências e aos bons corações estabelecer esta Lei. Sim, Lei com "L" maiúsculo. Porque o Reino de Deus, baliza de todas as coisas, habita nos homens, não vem ostensivamente em forma de decretos e forças policiais.
O poder estabelecido, seja ele como for, deriva naturalmente da ordem interior do homem.
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