O outono é a época de preparação para o recolhimento, o anúncio de uma vida interior que se prepara para voltar mais forte no alvorecer da primavera.
Época melancólica e profunda, remete à firmeza e à introspecção e revela a beleza que está por detrás da exuberância e da extravagância do calor, época de expansão por excelência.
Mostra também o fogo interior pelas cores fortes, a chama do Espírito que habita o homem e dá vida a todas as coisas.
Assim, o outono não é a morte, mas a preparação para a vida. Do recolhimento dos mosteiros brota a seiva espiritual que sacia a Santa Igreja; da introspecção nos estudos cria-se as obras da alta cultura que forjam civilizações; da intimidade do casal nasce a vida nova que dá continuidade à humanidade.
O Espírito vive no recolhimento. Apenas mais tarde, no momento providencial e oportuno, fiat!, se faz o mundo novo.
O fogo não pode arder se não contrasta com o gelo. Do que seria da chama da vida se esta não brotasse do frio, e este não fosse preparado pelo próprio Espírito que tudo renova? Do que seria da vida se ela não brotasse da terra estéril, antes preparada para que pudesse ser sustentada?
Porque é morrendo que se vive para a vida eterna; é morrendo para uma época que se renasce, puro e fortalecido, para uma época nova, uma vida nova.
O outono é tão belo quanto o Espírito que nele habita.
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