quinta-feira, 14 de maio de 2020

A sociedade dos pedantes


          Quem são os poetas senão aqueles capazes de lerem a realidade, inapreensível por fórmulas científicas e pedantismo acadêmico, que pode ser transmitida através da forma marcada pelo pulso do escritor?
          Quem são os pedantes senão todos aqueles que, por ostentarem um diploma, lerem um punhado de livros ou terem acesso a um canal de televisão, se consideram capazes de julgar o mundo inteiro e toda a sua história pregressa?
          Nada mais artificial, falso e pedante do que o homem "do seu tempo" que olha para o mundo e acredita estar liberto das amarras da religião, da moral, da hipocrisia e da elite (a qual ele próprio faz parte!) e julga as coisas segundo a métrica de sua estatura intelectual, capaz de alcançar as alturas de uma poça d'água, se tanto.
          A era moderna, alargando a liberdade de consciência ao ponto de nivelar o certo com o errado, acabou por rebaixar a sabedoria e a Verdade a um mero jogo de opiniões.
          Como resultado, o mundo ficou cheio de pedantes que se sentem no direito de falar mesmo que nenhum mérito tenham ao falar o que dizem.
          Basta ligar a TV para ver que todo mundo, sem exceção, tem algo a dizer sobre planos de governo, política externa, saúde, meio ambiente, religião e toda a sorte de temáticas que chegam ao nosso conhecimento por meio de narrativas incansavelmente repetidas e jargões pré-fabricados em laboratório.
          A estes, todo o louvor e glória, toda a riqueza e atenção.
          Por outro lado, os gênios, sábios e santos trabalham no longo prazo e legam ao mundo uma rica e duradoura herança capazes de nos aproximarem do Céu.
          A estes, se se colocarem diante dos olhos do público, o desprezo; se vierem confrontar a opinião "mainstream" fabricada nas redações de jornais e TV, o escárnio e a supressão; se apresentarem planos para o real bem da humanidade e a glória de Deus, a dependência da pouca caridade.
          Os pedantes têm tudo porque o mundo moderno é o mundo da planificação, do rebaixamento, do nivelamento. Suas palavras facilmente se encaixam na moda vigente da época.
          Os poetas não têm nada a não ser a Verdade, porque sua compreensão da realidade não cabe na simplificação grosseira do mundo. Pairam acima, longe dos olhos da massa ignara, no caminho entre o Céu e a Terra.

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