Esta afirmação de Chesterton deve ser vista como um toque de consciência à desproporção com que ricos e pobres são tratados quando se trata da caridade. Mais especificamente da "caridade moderna", se é que podemos chamar assim, em contraposição a uma "caridade tradicional".
Ora, a caridade é a doação desinteressada a alguém: nosso tempo, nossa atenção, nosso trabalho, nosso dinheiro e nossos bens são doados sem esperar algo em troca.
Ocorre que na modernidade a caridade virou ativismo, e o ativismo possui sempre um caráter político. A caridade perdeu seu sentido e transformou-se num ato de transformação social não com vistas à pessoa, mas à promoção do movimento e da ideologia que a sustenta, regado com fortunas de governos e grandes empresas.
Se o ato de caridade não for politicamente conveniente, ele perde o sentido.
O mesmo pode ser dito sobre as relações pessoais. Será que somos mais generosos com aquele que garante o retorno de um empréstimo do que a pessoa que necessita do recurso para ontem sem possibilidade de pagar? Confiamos mais no comerciante abastado ou no miserável necessitado de ajuda imediata?
Desta forma, tendemos a ser mais tolerantes com os que nos dão margem de retorno pessoal do que os que sabemos que não darão retorno algum; daquele com quem negociamos um empréstimo do que daquele ao qual doamos pura e simplesmente.
Estas situações não mostram o qual más são as pessoas hoje, e sim a mentalidade vigente, onde a lógica prática e puramente material, típica da cosmovisão moderna, se sobrepôs às relações puramente humanas substituindo-as por cálculos de custos e benefícios.
Não se trata aqui de condenar estas práticas, e sim de buscar iluminar as consciências; de sermos bons em meio à lógica utilitarista, de sermos bons num mundo mau.
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