A morte é o fechamento da vida na Terra, é a consumação de uma história que na eternidade, onde todos os tempos estão condensados simultaneamente numa imagem única, pode ser contemplada.
Portanto, com a morte podemos ver quem nós somos e poderíamos ter sido.
Sem este fechamento não é possível balizar nossa vida, porque a morte dá a nossa medida, que é refletida no plano do eterno, a medida de todas as coisas.
Descobrimos quem somos com a contemplação da eternidade.
Por isto só podemos ter uma compreensão do mundo, uma filosofia de vida, como aponta esta passagem de Chesterton escrita em outubro de 1924, a partir de uma referência que nunca muda, que é para sempre, para, a partir disto, construirmos o edifício de nossa vida. E é a morte que nos aponta onde está esta referência.
Esta é uma das leituras do possíveis para a passagem do Evangelho, onde Jesus diz: "Aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá" (Jo 11:25).
Porque quem concebe o eterno sabe como viver desde já e ainda viverá eternamente.
O cético, perdido na incerteza ou no desprezo do para-além, não pode ter uma filosofia porque não tem esta baliza do eterno apresentada pela morte.
Sua filosofia é o relativismo ou o desespero niilista, onde tudo passa e perece na escuridão do nada.
Sem referência, ele vaga nos redemoinhos dos tempos perdendo-se na caminhada da vida e podendo, ainda, se perder para sempre.
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