terça-feira, 12 de maio de 2020

Nossa Senhora profanada na Rússia


          Neste 9 de maio, a Igreja Ortodoxa Russa inaugurou a majestosa e imponente Catedral Principal das Forças Armadas Russas, ou Catedral da Ressurreição de Cristo, no Parque Patriota, perto de Moscou. A igreja possui 97 metros de altura e foi dedicada ao 75º aniversário da vitória na Grande Guerra Patriótica, como é chamada na Rússia a Segunda Guerra Mundial.

          Dentro da igreja há vários mosaicos. Dois, porém, chamam a atenção.  

          O primeiro, acima à esquerda, mostra Nossa Senhora vestida com as cores da bandeira nacional. À esquerda da imagem há um cartaz onde se lê "A Crimeia é nossa", numa referência à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014; em destaque ao centro, Vladimir Putin e o ministro da defesa Sergey Shoygu; nas bordas, o exército russo. A Mãe de Deus está abençoando a nação em seus feitos recentes.

        Neste início de maio, o comitê responsável pelas artes, arquitetura e restauração da Igreja Ortodoxa Russa afirmou que vai remover o mosaico. O pedido de remoção seria do próprio Putin.

          Mas o segundo mosaico é o mais problemático. Nele, Nossa Senhora abençoa o Exército Vermelho na vitória na Segunda Guerra. Os generais aparecem colocam à frente do Kremlin e da Catedral de São Basílio, símbolos máximos da Rússia, em meio à queima de fogos. À direita, há uma imagem de Stálin, líder do país no conflito. Nossa Senhora veste as cores do país comunista. 

          Este mosaico causou controvérsia e críticas de parte do clero da Igreja Russa devido à referência a Stálin. Apesar da discordância e do desconforto, decidiu-se manter a imagem. Há de se deduzir que há influência do Kremlin na questão, historicamente um patrocinador do reavivamento religioso na Rússia atual. 

          Como toda a imagem, o mosaico carrega uma representação, transmite uma mensagem, uma realidade. Este simbolismo é ainda mais profundo e impactante quando se trata dos sentimentos religioso e nacional, abundantes no mosaico. Ali estão cristianismo e comunismo soviético.  

          A associação da história soviética com Nossa Senhora é uma ofensa, uma blasfêmia que deve ser reparada com orações até que se tome a atitude de se reparar fisicamente esta profanação. Desnecessário dizer os crimes cometidos pelo regime que matou 30 milhões de pessoas do próprio povo.

          Outro elemento que chama a atenção é a data da inauguração da catedral, quatro dias antes do dia de Nossa Senhora de Fátima. 

          É de conhecimento dos católicos a mensagem de 13 de julho de 1917 onde Nossa Senhora afirmou que viria pedir a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. A devoção dos sábados é a devoção ao Imaculado Coração, que foi detalhada à irmã Lúcia na aparição que recebeu em 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha.

          Em maio de 1930, Jesus Cristo informou à irmã Lúcia, então na clausura em Tuy, na Espanha, que o número de sábados eram em reparação a cinco ofensas e blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria. E uma destas era justamente os ultrajes dirigidos às imagens Dela, tal qual vemos na nova catedral.

          Importante lembrar sempre que devemos sempre rezar pelos mortos, independente quem sejam eles, porque não sabemos seu destino, determinado apenas por Jesus Cristo. Não sabemos, portanto, quem são, as causas e as motivações dos 27 milhões de cidadãos e soldados soviéticos que foram colocados à força para morrer na linha de frente da guerra.

          Há diferença entre pedir a intercessão materna pelas almas e associá-la à "glória" de um regime tirânico, promotor de conflitos e inimigo aberto da Igreja. O primeiro é um dever cristão, o segundo uma blasfêmia que pode e deve ser reparada com a devoção ao Imaculado Coração de Maria. 


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