"A perfeição, enquanto fim, pode ser atingível ou não. Pode ser ou não possível falar da perfeição como um meio para a imperfeição. Mas certamente já estamos para lá de um nível tolerável quando entramos para fala da perfeição como um meio para a imperfeição."
(G. K. Chesterton, em "O Essencial de Chesterton")
Não há erro algum em se buscar a perfeição desde que sob os auspícios da sabedoria.
Ser perfeito consiste em ter posse plena de todo o ser; fazer com perfeição é trazer o ato à plenitude, a sua consecução exata conforme a natureza deste ato.
Nada há de errado nisto se compreendida que a perfeição é guiada por uma luz de sabedoria, que ajusta as tensões entre o ideal almejado e as circunstâncias em que este ideal se realiza.
Mas a verve de soberba e vaidade que habita o coração do homem pode levá-lo inverter a lógica da perfeição, a conceber a perfeição como algo a ser alcançado para fins que não condizem com o bem verdadeiro, mas com os desejos humanos.
Talvez seja esta a censura em que Chesterton alerta na citação abaixo.
Devo ser perfeito, mas para quê?
O homem que busca o ideal de riqueza e bem-estar pode muito bem alcançá-la, mas vale a pena o esforço da perfectibilidade, da inteligência, da sabedoria para verter todo o coração humano a este objetivo?
Não fosse o homem, em última instância, um ser espiritual, então objetivos meramente materiais e transitórios como aqueles do mundo teriam um fim em si, e o homem seria perfeito enquanto homem ao buscar conquistá-los.
A busca pela perfeição humana mira para algo maior do que o próprio homem. "Sedes perfeito como vosso Pai é perfeito", diz o Evangelho.
Portanto, todo o esforço voltado às coisas baixas e risíveis é perda de energia, deforma a condição humana e degrada sua dignidade.
De nada adianta ser perfeito na busca pelas coisas erradas, pela miragem vazia que se dissolve na medida em que o sol se põe. Esta obsessão é uma ilusão que, ao exemplo do adversário do Pai, nos conduz ao erro eterno.
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