A condição humana é misteriosa. Não sabemos de onde viemos nem sabemos para onde vamos.
O suporte que nos é dado pelas tradições religiosas fornecem respostas sobre nossa origem e fim, mas, objetivamente, não sabemos como éramos antes de ser e como seremos depois que cristalizarmos o que somos.
Compliquemos esta realidade com especificidades, contingências e escolhas de cada um. Eis um enorme desafio para os filósofos e cientistas, ávidos por levantar o véu do templo para revelar a realidade por detrás das aparências.
Pois o escritor se aproxima destas respostas. Sim, o grande escritor, aquele que atinge a universalidade do homem, tem algo a dizer ao africano, chinês e americano, porque por ele atravessa a natureza comum que permite dividi-los mesmo estando unidos. Ele é o porta-voz da humanidade.
Cientificamente impreciso, filosoficamente menos rebuscado, ele apreende a realidade humana melhor do que ninguém.
Porque a realidade pode ser apreendida pelas palavras quando estas são dispostas na medida certa e na combinação exata, não no sentido matemático, mas na combinação que dá um tom eloquente na expressão, cuja prosa é sua medida.
O escritor carrega a palavra mais do que com sentimentos, mas com a alma mesma, como se estas palavras fossem (e de fato são) a janela através do qual ele vê e também é visto.
Nesta janela se revela, ao mesmo tempo, a simplicidade e a complexidade do homem em cada uma de suas variantes, porque somos comuns na natureza profunda, mas singulares na personalidade. Ali vivem as pessoas.
O escritor canta a humanidade na singularidade de cada pessoa, no olhar a cada evento, e estes se conjugam para revelar que o escritor é como cada um de nós, mas mais do que nós mesmos, porque sua alma pulsante entende a nós e para além.
São suas palavras que se elevam acima de nosso horizonte, acima de nossas cabeças ante o Céu que tenta alcançar.
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