segunda-feira, 27 de abril de 2020

O progresso daquilo que não muda


          No excelente artigo "O progresso e Chesterton", Gustavo Corção coloca no lugar a concepção errônea de "paradoxo" em Chesterton, tomada por alguns como mero jogo de palavras do escritor inglês . 
          O "príncipe dos paradoxos", como é chamado, não se utilizava de paradoxos para divertir o leitor, mas para revelar as contradições de usos e abusos da linguagem na era moderna.
          A ideia de progresso é uma delas. O progresso não é aquilo que está em constante mudança ao sabor dos ventos da moda, nem é mudar de ideia o tempo todo.
          O progresso está na mudança da realidade, de fato, mas com um objetivo claro. É o trabalho árduo e constante, não em escala global, mas no esforço cotidiano de deixar melhor a realidade que antes encontramos.

          A Igreja Católica, diz Corção, progride justamente "porque é sempre a mesma". Apenas aquilo que possui uma verdade imutável e inquestionável pode progredir. 

          Só podemos falar em progresso quando partimos de um plano fixo a partir do qual se mede a caminhada do tempo. Todo o progresso possui uma referência permanente a partir do qual podemos medir e contemplar a caminhada histórica.

          Ninguém vive no ar, sem referências, ao sabor das mudanças históricas e culturais constantes. Isto não é progresso. É loucura.

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