segunda-feira, 1 de junho de 2020

A pessoa frívola


"A frivolidade nada tem a ver com a felicidade. A frivolidade só faz patinar na superfície das coisas, e a superfície das coisas é sempre áspera e irregular. A pessoa frívola é incapaz de apreciar inteiramente o pessoa e o valor de qualquer coisa."
(G. K. Chesterton, em "O essencial de Chesterton")

          A pessoa frívola não mergulha em nada, fica na superfície e, por isto mesmo, como diz Chesterton num dos artigos de "O Essencial de Chesterton", patina sobre as coisas e os acontecimentos da vida.
          Mergulhar em algo significa adentrar a realidade que está em jogo, absorver na nossa história a experiência do contato com esta realidade (a vivência com uma pessoa, um acidente, o ato de dormir, degustar uma comida, pensar em algo) de forma consciente.
          Quem toma consciência daquilo que viveu adquire domínio sobre esta experiência, seja ao lidar com ela em outra situação, seja nos efeitos futuros sobre a própria vida.

          Portanto, quem mergulha nas coisas da realidade tende a dominar seu próprio destino e torna-se capaz de mudar o rumo de sua vida, bem como do mundo à sua volta.
          Por isso, a pessoa frívola não pode mudar sua vida, ao menos não como realmente deseja, retendo-se na banalização das coisas essenciais ou na supervalorização do fútil e passageiro.
          Porque a superfície, como lembra Chesterton, é áspera e irregular. Quem é frívolo, ou tropeça no banal, ou, pela mesma irregularidade da superfície, não percebe a sutileza do essencial.
          Na geração preocupada em "curtir" a vida até o limite e avessa às responsabilidades até mesmo do corpo biológico, que clama por uma vida que se perpetue através das gerações, não surpreende que abundem confusão, frustração e doenças psíquicas.
          Quem se recusa a ver as coisas como são não toma jamais as rédeas de seu destino, essencial para um vida plena e com sentido. O frívolo vive como se não tivesse amanhã acreditando viver a vida plenamente enquanto está, na verdade, sem rumo e embriagado por seu desejos mais risíveis e passageiros.

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