"O espanto diante do universo não é misticismo senão bom senso transcendental."
(G. K. Chesterton, em The Independent)
O homem moderno está anestesiado à beleza. Não vê nas coisas belas do cotidiano, o quão incrível e exuberante são coisas simples como a luz do dia, a chuva, a vegetação das ruas e os gestos das pessoas.
Quem dirá este homem conseguirá ver o belo naquilo que convencionalmente classificamos como "feio".
Ocorre que temos um senso inerente de beleza que se manifesta na nossa percepção de ordem; e isto ocorre porque temos uma natureza, uma ordem interior que se relaciona com a exterior e, portanto, a entende.
É normal, é absolutamente natural que fiquemos surpresos com o universo que nos rodeia. Talvez não devêssemos ficar assim, dado que nosso senso de beleza é inerente à alma, mas perceber o belo é espantar-se!
Jamais ficamos exauridos, cansados ou "de saco cheio" da beleza. Ela é constante, como que se "emanasse" do conjunto das coisas. E sua constância é reflexo direto da ordem. Ficamos continuamente surpresos ao percebermos como tudo de encaixa e faz sentido.
Para que o universo deixasse de ser belo teria ele de decair para o caos, deixar de ser ele mesmo. Pois onde há existência, há ordem e, portanto, beleza.
Neste enunciado, Chesterton é muito certeiro e profundo. O espanto com o universo não é (e nem poderia ser) um misticismo, no sentido da prática religiosa, ainda que sua manifestação seja uma experiência espiritual. Esta experiência manifesta-se pelo simples bom senso perante a realidade, uma aceitação, manifesta no senso comum, de que as coisas são como são.
Porque se a percepção da ordem e do belo é natural ao homem, também é sua natureza essencialmente espiritual e religiosa.
Podemos negar a existência de Deus se quisermos, mas não podemos negar a sua obra, autoevidente por excelência. Não crer em Deus pode ser uma decisão, mas deixar de vivê-Lo não é uma opção.
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