"A libertinagem aniquila o sexo; torna-se algo muito pior do que a mera anarquia
e que pode verdadeiramente ser descrito como maldade; é uma guerra, não
contra as restrições exigidas pela virtude, mas contra a própria virtude (...)
O sexo é a isca, não o anzol; mas nesse ponto extremo do mal
o homem quer o anzol, não a isca." (G. K. Chesterton)
A libertinagem aniquila o sexo porque o destrói enquanto ato que abrange a integralidade da pessoa e movimenta uma dimensão incomensuravelmente maior do que ela.
Em primeiro lugar, o sexo visa a procriação humana, mas não só isso. É também o deleite completo de um para com o outro, a entrega absoluta de corpo, alma e espírito que arrisca, por amor, a consolidar uma nova vida.
A criança nascida de um pai e uma mãe é a materialização da promessa do casal em ser uma só carne e um só espírito, o amor em sua forma concreta, um vínculo eterno inquebrantável, por mais que se deseje o contrário, e a continuidade de uma árvore genealógica que finca raízes em tempos imemoriáveis. O sexo tem uma dimensão cósmica.
A libertinagem banaliza o amor, eliminando-o, porque desconsidera a integralidade de si e do outro. Faz do homem e da mulher objetos a serem descartados no primeiro desgosto, tal qual o tempero indesejado num arroz à grega.
Ele também brinca, como um bárbaro irresponsável, com a dimensão cósmica do ato, onde Deus, anjos e milhares de almas esperam o momento glorioso de uma nova vida enxertada pelo sopro do Espírito, que ali faz Sua morada e imprime na nova alma a herança de múltiplas gerações para sempre.
Ela é má porque é contra a virtude. Destrói o amor, destrói a grandiosidade do sexo e destrói o valor intrínseco da vida humana ao rebaixá-la a um mero acidente de percurso, cuja "solução" desejada é esquartejar e jogar num balde o desagradável obstáculo por prazer estúpido e banal.
Chesterton alerta com argúcia a natureza maligna da libertinagem com todas as suas consequências. Porque o sexo é o ato mais sublime, um palácio de cristal que se arrisca a ser demolido pelo vandalismo da libertinagem.
Olhando apenas o ato em si, o homem libertino esquece seu fim cravando uma isca em seu coração enquanto ignora a pérola depositada no fundo da alma da pessoa amada.
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