quinta-feira, 4 de junho de 2020

A estrada segura da tradição


"O sujeito mais tímido e canhestro que siga a tradição
conseguirá melhor envolver-se no fluxo da vida."
(G. K. Chesterton)

          A tradição pode ser compreendida, de forma genérica, como toda a forma de valores e hábitos que se consolidam numa sociedade e perpassam as gerações.
          Quem fixa sua vida sobre ela adquire certa estabilidade e perspectiva de futuro, dado que pode mais ou menos construir seus planos e antever os resultados de suas ações.
          Disto independe o quão reservado ou extrovertido seja a pessoa. Por isto Chesterton, nesta passagem que aqui apresentamos, dá o exemplo da pessoa tímida que, fincando os pés na tradição, conseguirá "envolver-se no fluxo da vida".
          Sendo ela a base da ordem social e a referência pela qual as decisões são tomadas, a tradição funciona como um porto seguro para os acontecimentos e um norte para as ações.
          O sujeito tímido que for religioso e pouco se expõe para um relacionamento sabe que terá numa família religiosa maior chance de encontrar uma esposa que comungue de seus valores.
          Da mesma forma, sabe que, ao realizar uma compra num supermercado, não precisará peitar o caixa para lhe cobrar o troco devido caso seja trapaceado, dado que espera encontrar ali uma pessoa honesta que aja com base na reciprocidade, tão presente nos valores religiosos.
          Não é necessário que alguém questione demais ou exija que autoridades de fora dela, como a polícia ou um burocrata, dê conta de colocar as coisas nos eixos quando a tradição se faz presente.
          Onde falta concordância sobre princípios reclama-se a intervenção de uma autoridade que imponha a ordem e regule uma determinada relação.
          Por isto, viver de acordo com a tradição é preservar o que se tem para viver em paz, sem a necessidade que alguém lhe apresente normas de conduta, ou que se dispenda energia para reclamar por direitos e justiça.

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