segunda-feira, 29 de junho de 2020

Educação e a descoberta do Universo


"A educação deveria ser a luz dada a um homem para que explorasse todas as coisas,
especialmente as que lhe estão distantes. A educação hoje tende a ser um holofote;
coisa centrada inteiramente em si mesma. (...) Mas a única cura definitiva
 é desligar a sua luz e deixar o homem ver as estrelas."
(G. K. Chesterton, em "O Essencial de Chesterton")

          A educação não é apenas saber coisas, acumular informações compartimentadas tal qual se concebe hoje, muito longe disso.
          Educar é formar uma personalidade, e que tem nos pais seu principal executor. Dentro disto, educar é também habilitar a pessoa para a descoberta do mundo, possuir os meios pessoais de ação para com as coisas e as pessoas
          Chesterton expressa este segundo ponto na passagem aqui reproduzida, onde a alma humana se habilita para descobrir o mundo e olhar longe, ampliar não apenas seus horizontes físicos, mas principalmente os da alma de forma a conseguir realizar as experiências mais verdadeiras e profundas.
          Nossa formação pessoal é uma luta que se tensiona com a educação formal em escolas e universidades, que compartimenta e abstrai a realidade em ciências estanques e frequentemente inconciliáveis, privando a pessoa da experiência do real.
          Além de desvirtuar a própria experiência cotidiana e o sentido mais profundo da vida, tal educação, por estar abstraída do mundo que afirma representar, centra-se e enche-se a si mesma criando o efeito ilusório de ser ela mesma autossuficiente e dando ao seu portador a mesma soberba que contamina seu conteúdo.
          Por isto Chesterton afirma ser a educação de hoje um holofote, porque ela não apenas foca num ponto específico abstraído do real como chama a atenção para si, como se esta fosse a importância máxima, a realidade suprema.
          Um holofote no escuro apontado contra os olhos do homem o cega. Para evitar que fiquemos presos apenas em sua estreita cosmovisão é necessário desligá-lo, ao menos por um tempo, e contemplar a infinitude do Universo que nos rodeia.

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