sábado, 27 de junho de 2020

O real perigo das armas


"As armas, como qualquer outra aventura da arte do homem, têm dois lados,
e podem ser invocadas para infligir ou para desafiar os males."
(G. K. Chesterton, em "O Essencial de Chesterton") 

          Chesterton é um escritor que transita com enorme desenvoltura dentre aqueles temas que a sociedade atual chama de "polêmicos".
          "Polêmico" muitas vezes é o nome dado pela grande imprensa e boa parte dos intelectuais, principalmente os progressistas, aos temas cujo pensamento político já está por eles pré-determinado e cujas posições conservadoras já foram previamente rejeitadas.
          Os temas como aborto, racismo, minorias, ecologia e diversidade já têm sua forma pré-concebida nesta discussão. E a posse e uso de armas é uma delas.
          Os objetos inanimados têm uma razão de ser, mas por si mesmo não podem realizar qualquer ato. Estão ali, sempre com suas potências guardadas e prontas para serem levadas à ativa por alguém de posse de sua livre decisão.
          Com as armas não é diferente. Elas, de fato, foram feitas para matar ou persuadir um inimigo, humano ou animal.
          Mas num mundo onde o Paraíso é uma realidade impossível e onde homens não são anjos (nem demônios, reconheçamos), as armas, como qualquer outro objeto, enquadram-se antes de tudo em circunstâncias específicas que justificam sua razão de ser.
          Em outras palavras, elas são úteis à defesa num ambiente violento; mas ao mesmo tempo podem ser um problema quando esta mesma violência é potencializada por sua posse sem que haja quem a refreie.
          Da mesma forma, elas são úteis para a defesa de um povo, mas se tornam um problema quando a tirania se volta contra este mesmo povo que não possui outro meio de defesa.
          Nos dois casos, o problema não está na arma em si, mas na forma de seu uso que se manifesta objetivamente de que lado do cano estão a pessoa de bom senso e o criminoso.
          As armas são uma faca de dois gumes cujo fator decisivo não está nela, mas fora dela. Este fator chama-se decisão.

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