"Um santo está muito além de quaisquer desejo de distinção; é a única espécie de homem superior que nunca quis ser pessoa superior." (G. K. Chesterton, em "Santo Tomás de Aquino")
quarta-feira, 30 de setembro de 2020
A grandeza e a humilde de um santo
domingo, 27 de setembro de 2020
Autocontrole de natalidade
sábado, 26 de setembro de 2020
A dimensão sobrenatural do prazer
"O segredo da recuperação dos prazeres naturais reside em considerá-los à luz de um prazer sobrenatural." (G. K. Chesterton, em "São Francisco de Assis")
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Porque nada sabemos
"Sócrates, o mais sábio dos homens, sabe que não sabe nada. Um lunático pode considerar-se a própria onisciência, e um tolo pode falar como se fosse onisciente. Mas Cristo é onisciente em outro sentido: ele não apenas sabe, mas sabe que sabe." (G. K. Chesterton, em "O Homem Eterno")
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
A loucura
"Um dos mais brilhantes nomes do século dezenove foi o filósofo da onipotência e da supremacia, Nietzsche, e ele morreu em um hospício." (G. K. Chesterton)
A loucura pode ser definida como o descolamento da pessoa da realidade. No sentido clínico, a mente humana não opera conforme as coisas do mundo real; por exemplo, quando alguém finge ser um pássaro ou agride uma pessoa que ama sem razão alguma.
Mas nada é mais louco e psicótico do que o delírio de onipotência. O homem que acredita poder fazer qualquer coisa é o que acredita ter o poder divino, de ter comido do fruto da árvore do Paraíso.
Pois o pecado original é a loucura por excelência. Acreditando poderem se transmutar em Deus, Adão e Eva tomaram posse daquilo que seria a fonte da vida, o fruto da árvore do Bem e do Mal, que daria a eles a capacidade de determinar estes mesmos Bem e Mal.
Ocorre que a simples existência de um Deus absoluto impede que outro equivalente possa existir. Caso Adão e Eva se tornassem deuses, seriam, no máximo, de uma segunda categoria bem abaixo do Deus verdadeiro que os criou.
Negando a realidade tal qual ela é, o casal descolou-se do real e alienaram suas almas da Verdade. Enlouqueceram, mesmo que não no sentido clínico, e passaram a bater de frente com a vontade divina, a palavra que sustenta a ordem mesma. Nascia, dessa forma, o pecado original.
Pois assim como a loucura clínica se define pelo rompimento da mente em relação à realidade, a loucura da alma, tomada aqui em seu sentido espiritual, consiste na separação do homem de Deus e sua consequente incapacidade de viver de forma plena a existência.
Na era moderna, esta alienação existencial adquiriu formas ideológicas acabadas e estanques, um cientificismo ativista e contaminou toda a cultura da época. A esta distorção Eric Voegelin chamou de "segunda realidade".
Contaminada por múltiplas mentiras, nossa época jogou o homem na luta eterna contra a primeira realidade, que é a realidade mesma. Em outras palavras, a mentalidade atual, levadas às últimas consequências, leva à loucura patológica, à morte, à guerra e ao genocídio.
A passagem de Chesterton sobre Nietzsche, o filósofo que afirmou a transvalorização de todos os valores, a reprodução constante de novos princípios sobre os escombros dos antigos, que afirmou o super-homem e, claro, a morte de Deus, deixa-nos a lembrança de onde nos leva o delírio de onipotência.
Conta-se que Nietzsche, estando em Turim em 1889, atirou-se ao pescoço de um cavalo quando viu seu dono açoitá-lo. O super-homem desmanchou-se ante a agressão a um animal, evento que marcou o adoecimento mental do qual nunca mais se recuperou.
Nietzsche morreu, mas Deus continua vivo, e para sempre.
terça-feira, 15 de setembro de 2020
A fonte dos direitos humanos
"No que toca aos direitos humanos fundamentas, nada pode estar acima do homem que não seja Deus." (G. K. Chesterton)
A Declaração Universal dos Direitos Humanos baseia-se em valores universais concernentes à própria natureza humana ou àquilo que é considerado como parte desta natureza.
Podemos discordar da Declaração ou de alguns trechos, mas o importante aqui é ressaltar sua pretensão universal.
A pergunta que se faz é: quem tem o direito de falar em nome de toda a humanidade? Os princípios alegados na Declaração são realmente baseados em preceitos universais, dado que necessariamente tem de haver um grupo de pessoas para formulá-los e que, portanto, acabam por defino-los segundo uma concepção de mundo?
A alegação de princípios universais é precedida necessariamente por uma visão de mundo limitada, dado que seus formuladores não têm conhecimento completo da realidade humana presente em quase 200 países, 6 mil línguas e uma infinidade de grupos étnicos e sociais.
Mas há um porém: direitos humanos universais são os fundamentais, e o que é fundamental reconhecemos pela nossa própria experiência de vida. Disto presumimos, ao reconhecer o próximo como uma pessoa, que o próximo possui as mesmas necessidades fundamentais que nós.
Chesterton afirma que nada pode estar acima do Homem (importante o "H" maiúsculo, pois denota o homem em sua essência) do que Deus.
Ora, ao falarmos em Declaração Universal, em direitos fundamentais do homem, estamos falando do que é mais essencial a ele. E o que é mais essencial do que Deus?
Aqui está a liberdade humana de reconhecê-Lo ou mesmo negá-Lo, mas jamais aboli-Lo. Abolir a Deus seria o mesmo que negar a liberdade humana de reconhecê-Lo e atentar contra o mais fundamental de todos os direitos, o de ser livre.
Ademais, a primeira afirmação da Declaração Universal, de que "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos", provém justamente do reconhecimento da filiação divina, uma visão secularizada da dignidade humana com base neste vínculo.
Deus nos fez livre e iguais em dignidade. Tudo o que atente contra isso é atentar contra nosso ser mais profundo e a Ele mesmo.
No que diz respeito aos direito humanos, tudo está debaixo de Deus porque Dele deriva desde o princípio.
Por isso, direitos humanos sem Deus não existe. É uma casa construída sem alicerces. É loucura.
domingo, 13 de setembro de 2020
A cura da pessoa ferida
"A pessoa ofendida não quer ser compensada porque foi injustiçada; ela quer ser curada porque foi ferida." (G. K. Chesterton)
Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, a pessoa injustiçada não espera uma compensação, como fazem parecer os grupos ativistas que politizam e justificam todo o tipo de ofensa aparente, mas quer ser curada do mal que a atingiu.
Por debaixo de qualquer reivindicação artificial, palavras confusas e sentimentos mal compreendidos, há uma pessoa a ser curada, uma alma que, apesar de todas as camuflagens criadas sobre sua personalidade, espera pela cicatrização da ferida aberta.
Chesterton nos traz, aqui, a dimensão essencialmente humana da dor. Pois, antes de sermos políticos ou de aprendermos as palavras que mal conseguem descrever o que sentimos, viemos ao mundo puramente humanos.
Viemos ao mundo a sós, com nossos condicionamentos, mas com uma alma pronta para experimentar a vida; e da mesma forma iremos embora, a sós, mas com a alma carregada da memória de nossas decisões e uma vida vivida.
É neste transcorrer do tempo, que pode durar de algumas horas a até um século, que brotam as marcas da injustiça e o desejo, de coração, de que tal ferida seja curada pela reparação ou o pedido de perdão.
Se fôssemos capazes de enxergar com clareza nossas experiências mais profundas, não camuflaríamos nossa vivência real com decisões confusas ou exigências artificiais.
A cura da injustiça é a justiça, da ofensa o perdão, da dor o acolhimento. Cabe a nós aceitar a simples realidade como alguém que observa a si mesmo com suas marcas pessoais sem se camuflar com a máscara daquilo que gostaríamos de ser mas não somos.
A cura contra as injustiças cometidas contra nós, bem como de todas as dores e ofensas que nos acometem, começa na sinceridade para consigo mesmo.
sábado, 5 de setembro de 2020
A centralidade do primeiro sábado do mês na mensagem de Fátima
Primeiro sábado do mês, dia de reparação ao Imaculado Coração de Maria, conforme Nossa Senhora instruiu à Irmã Lucia em 10 de dezembro de 1925.
A chamada comunhão reparadora faz parte da revelação de Fátima, e Nossa Senhora prometeu revelá-la na aparição de 13 de julho de 1917.
Esta devoção consiste na oração do Rosário, confissão, comunhão em reparação aos pecados da humanidade contra o Imaculado Coração de Maria e 15 minutos de meditação nos mistérios do Rosário.
Ela volta-se à nossa salvação, à salvação de muitas almas que estão se perdendo no fogo eterno e à paz no mundo inteiro.
É o centro da devoção à Nossa Senhora de Fátima, que prometeu: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará."
É muito comum vermos em alguns círculos católicos o insistente pedido de consagração da Rússia como meio de trazer paz ao mundo.
O vínculo entre os dois pontos é direto e explícito na mensagem de Fátima, mas, seja por ignorância, ativismo ou paixões políticas, esquecem que a paz mundial também está diretamente vinculada à comunhão reparadora, como Nossa Senhora mostra na mensagem de 13 de julho:
"Para impedir [a guerra], virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados."
Os pedidos de comunhão reparadora e de consagração da Rússia estão vinculados a um mesmo plano de misericórdia de Deus para com a humanidade. Ambos são inseparáveis. Em outras palavras: não haverá paz no mundo sem oração e conversão pessoal.
O Papa junto com os bispos do mundo todo podem consagrar a Rússia muitas vezes, mas isto é ato da Santa Sé, e hoje é ponto de discordância sobre a validade de realização na consagração de 1984.Mas a reparação ao Imaculado Coração de Maria, centro da mensagem de Fátima, é nossa parte.
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
A necessidade da tolerância
"A tolerância, como virtude, é tudo aquilo que resta depois que um homem perde todos os seus princípios." (G. K. Chesterton)
O homem que jogou fora todos os seus princípios tem apenas uma opção para viabilizar sua vida de forma a torná-la suportável: tolerar o próximo.
A razão é simples: ninguém consegue viver em conflito constante, até mesmo pela necessidade psicológica de não enlouquecer e pela necessidade física de ter que trabalhar para sobreviver.
Se estivesse vivo hoje, Chesterton certamente notaria a diminuição dos níveis de tolerância entre as pessoas, mas notaria também que ela continua a existir. Do contrário, a simples existência de sociedades seria impossível.
Ele também notaria que, enquanto a tolerância diminui (mas não desaparece), diminuem (e mesmo desaparecem) as demais virtudes.
Honestidade, bondade, prudência, temperança, caridade, sabedoria e coisas mais estão em declínio, mas as pessoas que estão a abandonar ou mesmo desconhecem tais virtudes sabem que devem tolerar os outros em algum grau nem que seja para continuar a cometer seus crimes. Ou, diria mais, nem que seja para tolerar a si mesmas.
Porque se o homem perde totalmente a tolerância, porque haveria se suportar a si? Que vida é esta onde tudo é insuportável, intolerável ao ponto de termos que riscar nosso eu da existência?
Viver é tolerar, é estar presente no mundo, e estar presente é aceitar que o mundo, "a vida", Deus que em Sua providência deu de Si para que a pessoa existisse. Afinal, somos seres por empréstimo. Só o Senhor é Ser em absoluto.
Ninguém pode viver se acredita que a vida seja intolerável. A tolerância é uma virtude divina e é o último estágio do amor que não se rende à morte.
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Gosto, moral e os progressistas
"Muitos dos modernos têm tradado o gosto como se fosse uma questão moral. Só espero que não tratem a moral como se fosse uma questão de gosto." (G. K. Chesterton, em "Lunacy and Letters", 1958)
Este aforisma de Chesterton é um retrato evidente do mundo de hoje. Seu temor se transformou em realidade, onde o gosto, de fato, se tornou a nova moral, ainda mais sacra e opressora do que qualquer moral tradicional.
Esta cosmovisão é a essência ética da mentalidade progressista, que vê na sua época o ápice da "iluminação" do homem e, portanto, superior a tudo o que já passou.
E por que tolerar as coisas do passado se elas estão "superadas"? Todo o mal, na mentalidade progressista, advém do passado que não morreu, sendo moralmente justificável suprimir tudo o que não conste na agenda do momento.
Mas a pergunta que se coloca é: quem formula a mentalidade de nossa época? De onde vêm os princípios da moda, que versam desde a luta contra o preconceito até as formas de vestimenta?
Pois a era moderna (ou pós-moderna) transformou tudo em questão de gosto e, para usar a expressão de Bauman, transformou tudo em líquido, ou seja, nada se fixa, tudo muda conforme os gostos da época com suas manias e ideias alterando desde relacionamentos até a ordem política.
Centrada na subjetividade individual, a moral virou opção, e a opção fundamenta-se no gosto; e gosto oscila de acordo com a moda e o desejo do momento. O "eu quero" e "eu acho" se tornaram os novos mandamentos sagrados pelo qual todo o passado deve ser sacrificado.
A apologia do tempo presente é a apologia do desejo presente, a entronização deste desejo como moral vigente, e o nivelamento da moral tradicional como mero desejo a ser equiparado (ou suprimido) a todos os demais.
Talvez Chesterton não imaginasse que esta forma de conceber o mundo fosse promovida a toque de caixa por todo o globo. Nosso mundo "evoluiu" ao ponto de que, como temia nosso querido escritor, temos de provar aos modernos, desgostosos com a coloração da vegetação sobre a qual pisam, de que a grama é verde. Anátema seja quem discordar do psicótico desejo alheio.