"A tolerância, como virtude, é tudo aquilo que resta depois que um homem perde todos os seus princípios." (G. K. Chesterton)
O homem que jogou fora todos os seus princípios tem apenas uma opção para viabilizar sua vida de forma a torná-la suportável: tolerar o próximo.
A razão é simples: ninguém consegue viver em conflito constante, até mesmo pela necessidade psicológica de não enlouquecer e pela necessidade física de ter que trabalhar para sobreviver.
Se estivesse vivo hoje, Chesterton certamente notaria a diminuição dos níveis de tolerância entre as pessoas, mas notaria também que ela continua a existir. Do contrário, a simples existência de sociedades seria impossível.
Ele também notaria que, enquanto a tolerância diminui (mas não desaparece), diminuem (e mesmo desaparecem) as demais virtudes.
Honestidade, bondade, prudência, temperança, caridade, sabedoria e coisas mais estão em declínio, mas as pessoas que estão a abandonar ou mesmo desconhecem tais virtudes sabem que devem tolerar os outros em algum grau nem que seja para continuar a cometer seus crimes. Ou, diria mais, nem que seja para tolerar a si mesmas.
Porque se o homem perde totalmente a tolerância, porque haveria se suportar a si? Que vida é esta onde tudo é insuportável, intolerável ao ponto de termos que riscar nosso eu da existência?
Viver é tolerar, é estar presente no mundo, e estar presente é aceitar que o mundo, "a vida", Deus que em Sua providência deu de Si para que a pessoa existisse. Afinal, somos seres por empréstimo. Só o Senhor é Ser em absoluto.
Ninguém pode viver se acredita que a vida seja intolerável. A tolerância é uma virtude divina e é o último estágio do amor que não se rende à morte.
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