domingo, 27 de setembro de 2020

Autocontrole de natalidade


"Todo mundo acredita em controle de natalidade e quase todo mundo já exerceu alguma controle sobre as condições de nascimento. (...) O controle de natalidade real e verdadeiro se chama autocontrole. Se alguém diz que não funciona, eu digo que funciona." (G. K. Chesterton, em "O Essencial de Chesterton)

O tema do controle de natalidade sempre gera muita discussão e controvérsia, e todo mundo tem algo a dizer sobre ele.
Apesar de estarmos numa época em que ter opinião é quase um ato sagrado, não é errado que todo mundo tenha algum opinião sobre o assunto.
Afinal, a totalidade das pessoas veio ao mundo através do ato sexual. Salvo poucos casos, nossos pais decidiram pela geração de uma vida e a forma de viver o futuro.
Portanto, as pessoas sabem ter o controle sobre a própria vida no que diz respeito à família, e não cabe a ninguém nem a autoridade alguma tomar este tipo de decisão.
O comentário de Chesterton sobre o controle de natalidade sobre a população pega este ponto. Controle de natalidade é autocontrole, ou seja, são os pais que decidem sobre ter ou não filhos. O resto é "um senhor embuste", para usar as palavras do capítulo "Reforma Social Vs. Controle de Natalidade" do livro acima citado, já que o termo "controle de natalidade" não significa nada em específico e, portanto, pode significar qualquer coisa.
Para Chesterton, o controle de natalidade nada mais é do que a busca de controle sobre a vida alheia. No mencionado capítulo, analisava como as corporações buscavam controlar não os seus custos, mas o número de pessoas delas dependentes para que custos pudessem ser cortados.
Menos filhos, menor a pressão social e moral das empresas sustentarem famílias de trabalhadores.
Talvez nosso escritor ficasse chocado ao ver a escala como que esta forma de controle tomou, não tanto por razões econômicas, mas políticas, na soberba ânsia por um planejamento geral do mundo.
Essas mesmas corporações, que por meios médicos, de propaganda e patrocínio de grupos de pesquisa, hoje aliam-se a Estados para forjar uma subcultura de diminuição da família ou mesmo sua destruição. O pátrio poder é o principal obstáculo à engenharia social.
Desta forma, controle de natalidade significa controle social, uma maior possibilidade de planejamento coletivo onde os governos entram com a burocracia e a força armada, as corporações com o dinheiro e ambos com a propaganda.
Uma família não é "apenas" uma comunhão de pessoas, mas o campo onde floresce nossa liberdade, de preferência numa casa cheia.

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