"Sócrates, o mais sábio dos homens, sabe que não sabe nada. Um lunático pode considerar-se a própria onisciência, e um tolo pode falar como se fosse onisciente. Mas Cristo é onisciente em outro sentido: ele não apenas sabe, mas sabe que sabe." (G. K. Chesterton, em "O Homem Eterno")
O conhecimento e a sabedoria do homem são necessariamente limitados. É característico da inteligência humana ser limitada, pois conhecemos por distinção e associação separando uma coisa da outra.
Eu sou o que sou porque não sou o meu vizinho. Da mesma forma, sou um homem porque não sou mulher, sou uma pessoa porque não sou um animal; o claro é claro porque não é escuro, há algo embaixo porque há algo em cima, e assim por diante.
Mas Deus concebe a realidade na sua totalidade. Ele tudo distingue ao mesmo tempo em que vê a unidade absoluta de todas as coisas. É uma inteligência que não pode ser compreendida por ser de outra categoria e, claro, estar acima, fora do alcance da inteligência humana.
Assim, tudo o que conhecemos é derivado de Deus por meio do Espírito. Somos inteligência por empréstimo derivados da Inteligência Primeira, que determina e organiza todas as coisas.
Nesta passagem de "O Homem Eterno", Chesterton nos lembra justamente a limitação humana de saber o que se sabe e não saber tudo o que não sabe.
Se Sócrates, o maior dos sábios de acordo com nosso escritor, sabia que nada sabia, o que, então, eu e você sabemos?
A resposta é simples: nada. Nem Sócrates sabia nada. Mas como nada? Não sabemos ao menos nosso nome e o local em que moramos?
Ocorre que, frente à onisciência divina, nosso conhecimento é infinitamente pequeno. Frente ao conhecimento absoluto, todo o conhecimento parcial é infinitamente desproporcional a este.
Todo o conhecimento humano é limitado e, portanto, infinitamente menor do que o conhecimento de Deus. É nada, em suma. E tem de ser muito louco para dizer que se sabe algo, quanto mais que sabe tudo.
A este louco Chesterton chama de lunático, aquele que está com a cabeça no mundo da lua.
Mas como sabemos, a lua não é o sol que tudo ilumina, que tudo esclarece, que tudo sabe, mas apenas reflete sua luz.
O lunático vê este ponto de luz e acredita ter descoberto a Verdade, enquanto, na verdade, está fechado em si mesmo tomando seu foco de luz como toda a realidade existente.
Cego por sua miragem, ele fecha os olhos para o mistério que está além das profundezas da escuridão.
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