"Muitos dos modernos têm tradado o gosto como se fosse uma questão moral. Só espero que não tratem a moral como se fosse uma questão de gosto." (G. K. Chesterton, em "Lunacy and Letters", 1958)
Este aforisma de Chesterton é um retrato evidente do mundo de hoje. Seu temor se transformou em realidade, onde o gosto, de fato, se tornou a nova moral, ainda mais sacra e opressora do que qualquer moral tradicional.
Esta cosmovisão é a essência ética da mentalidade progressista, que vê na sua época o ápice da "iluminação" do homem e, portanto, superior a tudo o que já passou.
E por que tolerar as coisas do passado se elas estão "superadas"? Todo o mal, na mentalidade progressista, advém do passado que não morreu, sendo moralmente justificável suprimir tudo o que não conste na agenda do momento.
Mas a pergunta que se coloca é: quem formula a mentalidade de nossa época? De onde vêm os princípios da moda, que versam desde a luta contra o preconceito até as formas de vestimenta?
Pois a era moderna (ou pós-moderna) transformou tudo em questão de gosto e, para usar a expressão de Bauman, transformou tudo em líquido, ou seja, nada se fixa, tudo muda conforme os gostos da época com suas manias e ideias alterando desde relacionamentos até a ordem política.
Centrada na subjetividade individual, a moral virou opção, e a opção fundamenta-se no gosto; e gosto oscila de acordo com a moda e o desejo do momento. O "eu quero" e "eu acho" se tornaram os novos mandamentos sagrados pelo qual todo o passado deve ser sacrificado.
A apologia do tempo presente é a apologia do desejo presente, a entronização deste desejo como moral vigente, e o nivelamento da moral tradicional como mero desejo a ser equiparado (ou suprimido) a todos os demais.
Talvez Chesterton não imaginasse que esta forma de conceber o mundo fosse promovida a toque de caixa por todo o globo. Nosso mundo "evoluiu" ao ponto de que, como temia nosso querido escritor, temos de provar aos modernos, desgostosos com a coloração da vegetação sobre a qual pisam, de que a grama é verde. Anátema seja quem discordar do psicótico desejo alheio.
Parabéns pelo texto tão lúcido e verdadeiro! Teus textos são todos excelentes. Gratidão! Deus te abençoe grandemente! 👏🙏🏽
ResponderExcluir