sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O amor de Deus pelo homem real

"Cristo não amava a humanidade: Ele amava os homens. Nem Ele nem nenhum outro pode amar a humanidade, pois seria como amar uma gigantesca centopeia." (G. K. Chesterton)

          O amor diz respeito à coisa concreta, real, que é palpável ou que se manifesta na realidade.

          Não adianta amar a humanidade porque este amor simplesmente não existe.

          A humanidade não é algo que se possa pegar, abraçar e declarar seu amor, nem que possamos ter uma relação direta e real, pois trata-se de uma amálgama de pessoas, estas sim reais, mas que não podem agir em uníssono como num corpo indissolúvel dotado de uma consciência uniforme.

          A afirmação de Chesterton lembra muito diretamente outro grande autor, que faleceu quando nosso escritor inglês ainda era criança.

          Dostoiévski, em "Os Irmãos Karamázov", expressa a mesma ideia quando o personagem, o monge Zosima, narra a história de um homem com dificuldade de amar, que dizia: "quanto mais amo a humanidade em geral, menos amo os homens em particular".

          Pois amar os homens em particular exige sacrifício, reverência, entrega ao próximo; demanda cumprir o segundo mandamento, que é indissociável do primeiro.

          Jesus Cristo levou às últimas consequências este amor real e concreto com o sacrifício na cruz.

          Alguém, porém, pode dizer que Ele morreu pela "humanidade". Errado. Ele morreu por cada um de nós, os que já haviam ido, que estavam em Sua época e os que estavam no porvir, como eu, você e todos os demais que lerão ou não este texto.

          Jesus Cristo amava homens, pessoas reais, e não poderia sacrificar-se por uma massa amorfa e sem rosto, uma centopeia que caminha para lá e para cá consciência de onde seus múltiplos pés estão pisando.

          Quando pessoas como Chesterton falam do amor não ficam em devaneios sem sentido, mas apresentam-no na plenitude da palavra de quem passou pela experiência mais profunda de sua manifestação, da volta para casa e da vivência de um pouco do amor que se manifestou de forma real e concreta através da cruz.


Nenhum comentário:

Postar um comentário