O amor diz respeito à coisa concreta, real, que é palpável ou que se manifesta na realidade.
Não adianta amar a humanidade porque este amor simplesmente não existe.
A humanidade não é algo que se possa pegar, abraçar e declarar seu amor, nem que possamos ter uma relação direta e real, pois trata-se de uma amálgama de pessoas, estas sim reais, mas que não podem agir em uníssono como num corpo indissolúvel dotado de uma consciência uniforme.
A afirmação de Chesterton lembra muito diretamente outro grande autor, que faleceu quando nosso escritor inglês ainda era criança.
Dostoiévski, em "Os Irmãos Karamázov", expressa a mesma ideia quando o personagem, o monge Zosima, narra a história de um homem com dificuldade de amar, que dizia: "quanto mais amo a humanidade em geral, menos amo os homens em particular".
Pois amar os homens em particular exige sacrifício, reverência, entrega ao próximo; demanda cumprir o segundo mandamento, que é indissociável do primeiro.
Jesus Cristo levou às últimas consequências este amor real e concreto com o sacrifício na cruz.
Alguém, porém, pode dizer que Ele morreu pela "humanidade". Errado. Ele morreu por cada um de nós, os que já haviam ido, que estavam em Sua época e os que estavam no porvir, como eu, você e todos os demais que lerão ou não este texto.
Jesus Cristo amava homens, pessoas reais, e não poderia sacrificar-se por uma massa amorfa e sem rosto, uma centopeia que caminha para lá e para cá consciência de onde seus múltiplos pés estão pisando.
Quando pessoas como Chesterton falam do amor não ficam em devaneios sem sentido, mas apresentam-no na plenitude da palavra de quem passou pela experiência mais profunda de sua manifestação, da volta para casa e da vivência de um pouco do amor que se manifestou de forma real e concreta através da cruz.
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