quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Como a literatura de ficção pode ser uma janela para o futuro

"Toda pessoa saudável, durante um período, deve se alimentar tanto da ficção quanto do fato; porque o fato é uma coisa que o mundo lhe dá, enquanto que a ficção é a coisa que ele dá ao mundo." (G. K. Chesterton)

          Há quem diga que o homem vive de sonhos, que não poderia viver se não sonhasse.

          O sonho é uma forma de apontar uma possibilidade futura desejável, mas enquadra-se na gama de todas as demais possibilidades imagináveis.

          Podemos sonhar, mas também temer as coisas futuras através de especulações. Isto é o que chamamos de preocupação: pré-ocupar-se, ocupar-se de algo que ainda não aconteceu ocupando a alma com pensamentos e sentimentos que estão na mera possibilidade.

          Nesta passagem, Chesterton mostra a capacidade de criação e, portanto, de decisão do homem.

          A literatura de ficção é um leque potencialmente infinito de possibilidades futuras, o exercício imaginativo do homem de antever o que ele poderia realizar se tomasse determinadas atitudes.

          Por isto ela é tão importante. A ficção mostra o que podemos ser e, portanto, aponta os meios possíveis de mudar nossa pessoa através de ações que já foram pensadas, mas ainda não realizadas.

          Quem não antevê, no plano do imaginário, os aspectos simbólicos e concretos do raio de possibilidades de ação, não pode fazer o que poderia fazer. Dito de forma mais, simples: não podemos fazer o que não conhecemos; e a ficção permite conhecer, por antecedência, um futuro possível.

          Se contra fatos não há argumentos, porque é por eles que o mundo chega até nós e somos passíveis àquilo que já passou, a favor da ficção os argumentos são infinitos, porque podemos concretizar infinitos acontecimentos possíveis.

          Chesterton sabia do potencial imaginativo do homem, e seu legado, que abrange desde ficção à apologética, filosofia e análise dos fatos, é um universo que não está apenas em palavras, mas pode tornar-se real.

          Ajamos para que assim seja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário