"Nunca existiu um tempo em toda a história da espécie humana em que se torne mais necessário defender a independência intelectual do que está época em que vivemos." (G. K. Chesterton, em "Culture and the Coming Peril", 1927)
Chesterton escreveu este alerta em 1927 no seu livro "Culture and the Coming Peril" buscando acordar as consciências do risco de supressão destas mesmas consciências.
A esta altura, os comunistas já governavam a Rússia há dez anos, e Stálin estava prestes a lançar sua primeira grande campanha de coletivização de terras com a perseguição em massa dos "inimigos do povo" e a destruição física da Igreja Ortodoxa.
O clima de confusão e tensão na Alemanha, com a atuação do movimento comunista e a disputa entre nacionalistas e adeptos de uma modernização ocidental, preparava o terreno para a ascensão do nazismo, que em apenas seis anos viria a silenciar todo e qualquer opositor de seu regime.
Mas Chesterton já percebia, pela literatura de sua época e os efeitos sociais da modernização, que, para usar sua terminologia, o Homem Incomum se colocava acima do Homem Comum, que a liberdade de consciência estava ameaçada mesmo na sua querida Inglaterra.
Não apenas os regimes totalitários, mas o controle do sistema político-econômico por elites alheias às necessidades da grande maioria das pessoas e opostas aos seus valores anunciava o futuro que se preparava para todo o mundo.
Os intelectuais e cientistas viraram burocratas e administradores da vida cultural comprometidos com a mentalidade de gueto do meio acadêmico. Transformaram-se em porta-vozes, nos meios de comunicação, da "autoridade científica" devidamente selecionada pelos jornalistas, e contra os quais erguem-se as vozes dos ignorantes e retrógrados, isto é, do Homem Comum.
E o velho totalitarismo, antes adepto do controle direto dos meios de produção e da supressão biológica de seus oponentes, agora se cobre do manto da "diversidade" e da defesa da "democracia" sob um mesmo nome que genericamente podemos chamar de progressismo.
Se Chesterton vivesse hoje, mais de noventa anos depois, veria que a necessidade de defender a independência intelectual é ainda mais urgente e difícil do que em sua época. Porque intelectuais e cientistas servem ao velho totalitarismo sob novas vestes, agora sob patrocínio de grandes fortunas.
Não é mais a querida Inglaterra de nosso escritor que está sob ameaça de perder o que ainda resta de liberdade intelectual, nem a Rússia de Soljenítsin ou a Alemanha de Voegelin. É o mundo inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário