Após anos de participação em um grupo de oração aqui de Porto Alegre, comecei a notar que certas intuições em momentos de concentração eram, na verdade, indicativos de coisas que estavam acontecendo.
Mas é preciso não confundir as coisas. Tais intuições dependem de duas condições: oração e silêncio interior. Nada de dirigismos mentais, pois o que eu "vejo" é, na verdade, meus próprios pensamentos e não visões místicas que podem ocorrer em algumas pessoas, mas que não são tão banais quanto a intuição que brota através da mente.
Minha mente fica como que suspensa com a devida paz e concentração, e surgem pensamentos que, se bem notados, fluem livremente ao sabor do momento meditativo e espiritual que pouco ou nada tem a ver com alguma intenção pessoal. Em outras palavras, os pensamentos surgem e se desenvolvem em mim sem que eu os dirija deliberadamente confirmando, momentos depois, que aquilo que vinha à mente dizia respeito a algo ou alguém próximo.
E mais uma vez notei um insistente apelo da Mãe de Deus, dessa vez ao mundo. Era noite de segunda-feira, momento tradicional de um dos encontros do grupo, e as canções à Nossa Senhora, embaladas ao vivo pelo coordenador do encontro, também ele um devoto mariano e cantor profissional, enchiam a nave da igreja. Como que transportados para outra dimensão, o som do teclado e a voz ungida faziam o Céu descer, e sentíamos como que envolvidos por uma nova atmosfera, invisível aos olhos mas perceptível aos órgãos da alma.
Apesar do momento ser para lembrar todas as pessoas próximas que necessitavam do auxílio de Nossa Senhora, pensei também, cá comigo, na situação do mundo, e me concentrei deliberadamente na mensagem de Fátima para a humanidade, mensagem que há tempo me atraía, mas que só recentemente resolvi conhecer de forma verdadeira.
Recordei-me do Anjo com a espada de fogo, que os três pastorinhos haviam visto na terceira parte da mensagem, descrita pela irmã Lúcia em suas memórias. Nessa passagem, o Anjo aponta sua espada com a mão esquerda em direção à Terra para incendiá-la, mas seu fogo é apagado pela luz que emana da mão direita de Nossa Senhora. Com a outra mão, o Anjo aponta para a Terra e diz com voz forte "Penitência! Penitência! Penitência!" Enquanto Deus, pela boca do Anjo, pede urgentemente que o homem se redima de seus pecados praticando sacrifícios, Nossa Senhora segura a ira divina com sua intercessão, dando algum tempo à humanidade para sua remissão.
Por algum motivo, essa imagem em pensamento buscava tomar vida própria. Não havia mais Nossa Senhora, e o Anjo ficou apenas em minha lembrança. Notava que o fogo, agora tomando proporções mastodônticas, descia sobre a Terra não como labaredas, mas imensas bolas de fogo, tão grandes que pareciam quase não se mover em relação às enormes dimensões de terra que engolia. Cidades inteiras eram cobertas pelo fogo, que calcinava absolutamente tudo ao seu alcance.
Eu tentava imaginar que locais poderiam ser esses, mas as especulações eram puramente artificiais. A importância não estava nos locais em si, e sim no fato de que Nossa Senhora já não poderia mais intervir para impedir o sofrimento que viria ao mundo por seus vastos e contínuos pecados. Passaram-se mais de cem anos, e a humanidade, após um início aparentemente promissor, deu as costas à mensagem de Fátima, e agora parece não haver mais tempo para evitar as catástrofes vindouras, a tão necessária purificação do mundo pela via dolorosa. E no meio da dor, haverá guerra.
Escrevo isso porque é pelo menos a quarta vez que percebo em mim um forte apelo de Nossa Senhora para que rezemos, urgentemente, pela paz no mundo. Particularmente não creio ser mais possível evitar o fogo da espada do Anjo, cujo contexto se dá em meio a uma cidade parcialmente destruída, mas ao menos podemos evitar o pior ou amenizar as dores do parto que serão necessárias para o surgimento de uma nova humanidade, o triunfo do Imaculado Coração de Maria.
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