(Em 22 de outubro de 1978, há exatos 38 anos, Karol Wojtyla tomava posse como João Paulo II. O Papa foi canonizado por Francisco em 27 de abril de 2014.)
Eu gosto de fazer alguns comentários sobre política. Não em entrar em discussão sobre preferências ou meramente emitir opiniões, mas de entender a realidade por detrás dos discursos e da propaganda.
Ninguém, porém, é melhor do que Deus para entender a realidade do mundo político (na verdade, ninguém é melhor do que Deus em qualquer coisa). Afinal, Ele é o próprio arquiteto do poder estabelecido. Jesus Cristo anunciou a Pôncio Pilatos que o poder que o governador possuía só existia porque lhe fora dado do Alto (João, 19:11).
Não foi coincidência que nos tempos da Guerra Fria o Espírito Santo foi soprar na Polônia e trazer ao trono de Pedro o Papa João Paulo II. Neste 22 de outubro completam-se 38 anos de sua posse, ocorrida em 1978.
(Duas milhões de pessoas em Varsóvia, Polônia, em junho de 1979: a eleição de João Paulo II como Papa ajudou a encerrar o regime comunista no país.)
No ano seguinte o novo Papa visitou seu país, onde duas milhões de pessoas foram recebê-lo nas ruas de Varsóvia. Apesar da dura repressão, principalmente através da polícia secreta, o regime comunista da época tinha alguma flexibilidade e, claro, não podia reprimir uma multidão daquela proporção. Dez anos depois o Muro de Berlim vinha abaixo e, num jogo de dominó, arrastou todo o bloco do leste até desmantelar a toda-poderosa União Soviética. O fim da superpotência foi oficializado em 25 de dezembro de 1991, no Natal, no meu entender um sinal claro da revelação de Jesus a Pilatos. Os regimes comunistas tinham como uma de suas principais características o ateísmo oficial, e uma das consequências era a repressão religiosa e a disseminação doutrinária do ateísmo. E não é necessário entrar no mérito do genocídio, o que desqualificaria esses regimes por mais religiosos que fossem.
(Cerimônia de consagração do mundo e da Rússia na Praça São Pedro em 25 de março de 1984: segundo Gabrielle Amorth, a Rússia não foi mencionada no evento. Teria havido também resistência por parte do clero no mundo à consagração.)
Deus deu ao mundo sinais gritantes durante o pontificado de "João de Deus" que, como bom santo, se exauria nas viagens pelo mundo e morreu em sacrifício pela Igreja. Infelizmente João Paulo II não conseguiu realizar alguns de seus sonhos como uma visita à China e à Rússia, neste último caso em razão da classificação do país como território canônico da Igreja Ortodoxa Russa. Na ocasião da visita à Ucrânia em junho de 2001, país de maioria ortodoxa, houve muita resistência por parte dos líderes da igreja russa local em receber e aceitar a presença de um Papa católico numa viagem por eles considerada proselitista. Havia também a pendência em torno de um tema que lhe era caro: a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria que, segundo o recém falecido exorcista Gabrielle Amorth, não teria sido realizada conforme a revelação de Nossa Senhora à irmã Lúcia no ano de 1929 devido à pressão de dentro do Vaticano (escreverei sobre isso num momento oportuno e publicarei tanto aqui quanto no meu outro blog).
(Aparição pública do Papa em 27 de março de 2005, cindo dias antes de sua morte: sacrifício até o fim.)
São João Paulo II tinha uma missão clara: resgatar parte da humanidade, particularmente parte da cristandade, que estava sob domínio de um poder político explicitamente anticristão. Wojtyla era devoto de Nossa Senhora, particularmente de Fátima. Foi sob este título que a Mãe de Deus alertou sobre os "erros da Rússia" ao três pastorinhos ainda em 1917, quando realizou o primeiro pedido de consagração do país. Com o resgate da cristandade sob julgo comunista caberia ao Papa unir os cristãos e dar fim à divisão de 1054 causada pelo cisma ortodoxo. Não foi coincidência, repito, que Deus, depois de mais de 400 anos, foi buscar um Papa fora da Itália e justamente num dos raros países de forte tradição católica sob julgo comunista. João Paulo II não conseguiu realizar tudo o que desejava. Ele tinha meio mundo contra sua missão, mas suportou o peso do trabalho até o último minuto, o último suspiro, o último momento. Sua disposição era prova de que o Senhor nele habitava. Sua santidade não foi coincidência ou mera propaganda católica. Na sua disponibilidade e limitações, ele fez muito mais do que um ser humano comum faria. Sua missão foi cumprida.
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