Às vésperas de uma eleição importante é evidente que criamos expectativas. Afinal, o poder político adquiriu uma relevância enorme de forma que esperamos que o administrador, junto com seus aliados, realize o que desejamos para nossa sociedade, sociedade esta da qual nós fazemos parte. Isto faz de nós potenciais beneficiários dos comandos que vêm do alto, a exemplo da prosperidade material e uma vida cotidiana burocraticamente simples.
Na medida em que uma sociedade se desenvolve economicamente mais complexa se torna seu funcionamento. Mais empresas, mais associações, mais produtos circulando, mais agitação. Disso, se faz necessário mais regulação e mais controle. Na medida em que uma sociedade se desenvolve economicamente cresce junto o poder do Estado, que não precisa dirigir a economia, mas regular seu funcionamento de forma que haja um ordenamento mínimo e que as relações sociais se harmonizem com este ordenamento. Em outras palavras: mais poder político atuando em cada vez mais setores da sociedade. Por isso a política importa tanto: ela penetrou em muitas áreas que antes não atuava e mais minucioso se tornou o controle que exerce sobre nosso dia-a-dia. Basta ver as regulações que se discutem acerca de, por exemplo, a internet ou combate ao contrabando. Junto a isso, surgem as regulações sobre nosso comportamento: como educar seus filhos, não fumar, limitar o consumo de determinados alimentos, cuidar com as palavras ditas na rua, mesmo os olhares. Quanto mais desenvolvimento, mais complexidade socioeconômica e maior a tentação de ir além, extrapolar os limites burocráticos e partir para a burocratização da vida íntima. Os direitos e as leis crescem e exigem cada vez mais controle social.
Esta é a ilusão: acreditar que o poder político tudo pode e tudo deve. Daí a fé na política, a esperança de que o poder trará a nós a tão sonhada paz e prosperidade ou pelo menos uma boa paz e uma boa prosperidade. A vida se tornou tão complexa que fomos engolfados pelo cotidiano e temos enorme dificuldade de olhar além do mundo visível, retendo nele a fé que deveria saltar para o Eterno. Sufocados pela vida agitada, esta ilusão desemboca num erro fatal, que é a crença de que a ação humana tudo pode e é infalível. Não é. Caso fosse, ou as decisões estariam sempre corretas, ou a realidade física seria plástica à vontade humana. Esta fé vã é comprovada pelas sucessivas crises que tantos países passam mundo afora e, claro, pela que passa o Brasil neste momento. Só Deus pode tomar decisões sempre certas e ser capaz de manipular a realidade física de acordo com Sua vontade. É lá que devemos colocar nossas esperanças esperando sempre que se um político fizer besteira ele faça a menor besteira possível.
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