(Vida monástica: intimidade com Deus, solidão pessoal. Na foto o Mosteiro de Claraval, em Minas Gerais)
Em outro momento vou contar esta caminhada. Nunca vivi num mosteiro, nem planejei seriamente esta vida, mas hoje vejo que, caso tentasse, iria lidar com um problema que não posso vencer: a solidão.
A vida religiosa não é de isolamento das pessoas: monges e monjas possuem uma vida em comunidade, trabalham juntos, dividem tarefas, estão sempre rodeados de pessoas que podem perfeitamente ser íntimas dentro, é claro, das limitações impostas pelo superior ou a Regra de São Bento.
Os religiosos são muito ativos e geralmente muito alegres. Mas o religioso não tem alguém ao seu lado com o qual possa compartilhar uma vida, muito menos um toque. O religioso é só porque apenas estando só é possível falar a Deus, e esta solidão, que depende muito mais de uma atitude interior, é reforçada pela solidão pessoal, pelo tempo necessário para recolher-se interiormente. Ademais, o religioso é casado com a Igreja: as mulheres com Jesus, os homens com Nossa Senhora. É, sim, um casamento, e muito mais profundo do que o casamento entre duas pessoas comuns. A união é consumada com pessoas perfeitas e que jamais te trairão. Neste sentido, a traição do religioso para com sua união é mais grave do que num casamento a dois.
Eu não apenas sentiria a solidão pela falta de intimidade a dois como ficaria muito limitado na minha necessidade de expressão. Sempre que fico muito tempo sozinho (e confesso que tenho essa tendência) me deprimo. E muito. Gosto de pessoas, luz, um pouco de sol, a liberdade de estar em certos lugares, com certas pessoas e em certas situações; de ver a mudança no tempo, os ares das estações, de observar detalhes do cotidiano. As distrações me fazem muito mais bem do que eu mesmo imagino, e estas liberdades ficam severamente limitadas na vida religiosa.
Eu não apenas sentiria a solidão pela falta de intimidade a dois como ficaria muito limitado na minha necessidade de expressão. Sempre que fico muito tempo sozinho (e confesso que tenho essa tendência) me deprimo. E muito. Gosto de pessoas, luz, um pouco de sol, a liberdade de estar em certos lugares, com certas pessoas e em certas situações; de ver a mudança no tempo, os ares das estações, de observar detalhes do cotidiano. As distrações me fazem muito mais bem do que eu mesmo imagino, e estas liberdades ficam severamente limitadas na vida religiosa.
Assim como o casamento com a Igreja, para o religioso o diálogo prioritário é com Deus. Ele é sua companhia, Ele é seu ouvido, Ele é seu "lugar". Claro, isto vale para as pessoas do mundo inteiro, mas o religioso mortifica-se de forma especial para que, com sua morte, brote o Deus que ele busca. "Não sou eu mais que vivo, é Cristo que vive em mim", diz São Paulo, o Apóstolo.
O desafio de estar no mundo é morrer para o mundo sem sair dele. Isto não é isolar-se do mundo, à exceção dos vocacionados para a vida religiosa. É para vivermos como se não estivéssemos nele. E se mesmo estando no mundo você não tem alguém para tocar ou um amigo para conversar? Não se preocupe. Seja paciente. Deus proverá.
O desafio de estar no mundo é morrer para o mundo sem sair dele. Isto não é isolar-se do mundo, à exceção dos vocacionados para a vida religiosa. É para vivermos como se não estivéssemos nele. E se mesmo estando no mundo você não tem alguém para tocar ou um amigo para conversar? Não se preocupe. Seja paciente. Deus proverá.
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