sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Dilema da leitura: saber os detalhes, compreender o conjunto


Confesso que tenho uma certa dificuldade com leitura. Sim, gosto muito de ler, mas o que eu mais gosto é do conhecimento. Saber, saber, saber e, acima de tudo, entender. Dito isto, enfrento um grave dilema nas leituras: ler corrido e compreender o conjunto ou ler devagar, riscando, sublinhando, e perder o conjunto.

Recentemente comecei a perceber que a leitura detalhada sublinhando muita coisa fragmenta o conjunto da obra. A leitura corrida é muito mais agradável e proveitosa. Ainda que percamos detalhes, temos o conteúdo, a estrutura e o pensamento do autor que passa a ser referência para compreendermos o assunto. O autor pode dizer um monte de bobagens, mas seu conteúdo será a baliza para o tema em discussão. E não importa se o autor está errado ou que não concorde com ele, você terá em mãos o exemplo do que considera errado. E por quê. Importante é ter referência no assunto, caso contrário você terá apenas opinião (não falo aqui de testemunhos pessoais, mas de temas que exigem estudo).

Por outro lado tenho a forte tendência de achar tudo importante. Na verdade, uma certa obsessão em não deixar escapar qualquer detalhe que seja. Tendo a sublinhar e destacar cada ideia em cada parágrafo. Isso pode até ajudar na erudição, mas o conhecimento torna-se fragmentado, e depois é difícil reintroduzir o mar de informações no conjunto da obra. Para resgatar o conjunto da obra seria necessário relê-la ou ao menos estudar alguns pontos-chave. Quando temos a obra em mente, fica mais fácil encontrar os detalhes, as referências menos importantes.  

Este é meio desafio de agora em diante: mergulhar no oceano das ideias, compreender o conjunto da obra e deixar brotar os detalhes como se estivessem sublinhados em minha mente. Compreender é mais simples do que saber. Quem tenta saber demais corre o risco de submergir a compreensão da realidade. E a própria sabedoria.

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