(Banheiro unissex da PUCSP.)
Acabo de perder uma oportunidade de emprego por ser... homem. Na verdade, a vaga era para o setor financeiro de uma escola infantil daqui de Porto Alegre que já teve problemas com pais que reclamaram da presença de homens na instituição. Em algumas ocasiões, o responsável pelas finanças têm de ajudar no trato com as crianças quando a responsável tem de sair em horário de intervalo. Isso inclui levá-las ao banheiro. Portanto, a escola, para não ter mais problemas, aceita apenas mulheres.
A mensagem era clara: os pais temem a presença de um marmanjo entre as crianças em momentos que elas estejam vulneráveis, sozinhas e à vista do responsável.
Não demorou para vir à mente a proposta, em nome da diversidade e da tolerância sexual, de se criar banheiros unissex, ou permitir que homens possam usar banheiros de mulheres e vice-versa por se sentirem do sexo oposto. A discussão se espalhou em várias partes do mundo e também no Brasil. Essa era uma das políticas implementadas nos EUA pelo governo Obama em maio de 2016, (e que Trump logo eliminou), e que foi posta em prática também na PUCSP (uma universidade pontifícia e católica, bom destacar) em nome da tal diversidade.
Se as pessoas já temem homens em certas situações que envolvam crianças, imagina como reagirão quando souberem que um marmanjo, alegando sabe-se lá qual orientação sexual, puder utilizar o mesmo banheiro de uma menininha de cinco anos. Daí se deduz, de forma óbvia, o medo do estupro e da pedofilia. Não de graça, a política do Obama criou uma guerra nos EUA, onde quase metade dos estados combateram ou proibiram a lei. A moral sexual virou ato de poder: de um lado a libertinagem sexual promovida pelo Estado, do outro tendência de regulação, também pelo Estado, de uma relação entre as pessoas que deveria ser totalmente auto-evidente e espontânea. Afinal, como lidar com uma regulação deste tipo sem inserir necessariamente a sexualidade no campo político? E na aplicação da lei, como garantir relações respeitosas dentro dos banheiros se nem mesmo hoje isto é possível a não ser com controle policial sobre a intimidade humana? Com a promoção da libertinagem sexual, a reação será o moralismo mais opressor que se possa imaginar.
Como a política trata do bem comum, ela terá de fazer valer suas regras nos locais em que ela atua por excelência: os espaços públicos, onde todos se encontram, e nas escolas, que são a principal instituição por onde se inculcam os valores republicanos numa sociedade. Se a diversidade é parte deste valores, então terá de valer para as escolas também.
Não posso dizer que fui vítima dessa guerra cultural, e nem me senti discriminado por ser homem. Mas numa época de hiper-sexualização, ondas de denúncias de pedofilia e principalmente militância diversitária na política, nas artes e nos meios de comunicação, é questão de tempo que casos como o meu se multipliquem.
A diretora da escola deixou claro que a negativa da oferta de emprego para mim nada tinha a ver comigo. Eu sei que não tinha, e penso inclusive que ela fez a coisa certa em vista às necessidades que lhes eram impostas. Mas nos dias de hoje, qualquer escorregão na língua pode dar processo, ainda mais quando o tema envolve sexualidade e seus derivados.
Bons tempos quando a política não enfiava a mão na nossa cama e também... vocês sabem muito bem onde.